Não quero abraços!


Não quero abraços!

Trago o mar comigo e no meio de um oceano que embala a minha cama
Sinto no meu corpo a ignorância e a indiferença de quem se vai embora
Vivo triste aqui fechado.
Casa que o meu corpo isola.
Sem uma margem de mudança ocupa o espaço que o meu corpo alcança
Sem futuro nem esperança. Sou céptico e não acredito na mudança
Vivo eternamente no esquecimento de uma sociedade que não se ocupa com a verdade
Sem uma réstia de esperança preso num corpo de inocente que pouco a pouco se vai embora
De castigo numa alvorada em que o dia não me deixa nada.
Somos muitos e vivemos por entre iguais.
Quem será que dorme lá ao fundo? Vive a chorar e já pensou em se matar
Por isso eu tristemente ignoro o seu sofrimento e rezo ao meu anjo da guarda
E pelas lágrimas que rolam sem parar. Peço-lhe que me ofereça uma réstia de esperança.
Por detrás da figura a quem rezo. Existe um local que ninguém conhece!
Buraco da parede que escavei com a minha mão.
Local onde procuro a salvação.
Guardo lá uma caneta! Escondi lá o meu coração
Tenho cartas escritas a ninguém que contam a tristeza.
Tristeza essa que comparo a um pardal preso numa gaiola.
Lá fora os pássaros voam na direcção do vento. E eu fico feliz
Mesmo o mais forte acaba por cair. E a lei da sobrevivência
O rapaz que chorava! Parou de chorar!
Olha para mim e sorri.
Aceitou a condenação. Ferida que o tempo irá sarar
Inocência que muda de folhagem. Irá viver uma mentira
Jogo da cabra cega que irá jogar vezes sem conta.
Brincadeira aplicada ao pecado
Viverá a marcar a distância de um amor que não quer aceitar
Meninos! Hoje têm brincadeira!
Boa! Vamos ter dinheiro! Quero ser o primeiro.
E pelas figuras que vejo entrar! Adivinho a solução
Presença de um corpo frio. Lanças beijos que me alcançam.
Vai-te embora! Que eu quero o meu corpo só para mim!
Bem! Se os outros gostam! Eu também irei gostar.
De boca fechada e sem dizer nada. Olho para o fulano primeiro.
Credo que depravado!
No espelho pendurado vejo os rostos dos meninos que clamam por salvação.
Começa o espectáculo!
Corpos em cima! Corpos em baixo!
E por gotas de suor que do meu corpo rolam!
Grito!
Bebe canalha mata a sede!
1!2!3!4!Acabou!
Toma lá o dinheiro.
Partes para o chuveiro!
Que tristeza! A espuma é misturada com as lágrimas que deslizam para o ralo da sociedade
E por entre o corpo que tento esfregar. Vejo o meu corpo sangrar.
Estou ferido! E agora?
Parece ser fácil mas é a minha vergonha.
E por entre o olhar que me coloca no chão!
Sinto a frieza de uma tristeza que se compara a uma sala cheia de pessoas vazias.
Apago a luz e tento adormecer
Liberto pouco a pouco a minha mente
Penso somente na vinda de alguém que me liberte!
E espero ansioso o que o futuro me promete!
Não quero abraços! Causam-me embaraços!
Somente quero estudar!
Para poder os canalhas condenar.

@BomNorte2010

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