Foto na Igreja da Luz em Carnide
Trago ainda agarrado ao meu corpo o calor doce do luar
A rua é como um deserto de pessoas sem afecto
Caminho em frente
Entro no teu espaço.
As árvores encontram-se negras e sem folhas.
O vento sussurra aos meus ouvidos todos os meus pecados
Encosto ao peito as minhas mãos e fixo o altar pedindo perdão
Nas minhas veias corre um liquido proibido. Liquido de vermelho tingido
O Pecado sem nada para se esconder procura a salvação
Tento fugir para um canto. Ocultando-me na penumbra
Tenho uma sensação de tristeza. A pedra está fria, e as velas ardem desordenadas
Pedem perdão pelas almas penadas.
Umas estão acesas outras estão apagadas
Com o meu corpo inclinado para a frente levanto as minhas mãos.
Os meus olhos meigos de súplica. Procuram o perdão
As lágrimas escorrem e sinto o sal do seu sabor
Sou um mero invento. Num corpo de tormento
Na minha infância vivia num lugarzinho idílico onde existia uma ermida.
Local onde ninguém lá ia. Lugar que precisava de fé
Mas agora o meu pensamento é outro! Cresci! Ganhei maturidade
Não sou influenciável! Mas sou pecador.
Vou remediar o que está mal feito!
Olho em frente e pelo meio de muita gente
Vejo uma criança sentada.
Criança que lá à frente se entregou sem relutância
E no olhar que me nega a distância.
Procuro a proximidade. Caminho em direcção à verdade
Tantas vezes me contaram que a igreja era diferente
Seguia um caminho urgente. Pedia perdão pelo seu passado
Nunca acreditei. Senti-me enganado e até desconfiei.
Mas por vezes o impossível em possível se transforma
E a criança entrega-se. A porta do espírito ele abriu
E numa igreja que agora o acolheu A força sobre ele recaiu
Respira-se confiança e orgulho pela criança
Baptizou o menino!
Viva o menino que a pomba encontrou.
Eu não cessava a olhar a criança de boca aberta
Vi o que nunca tinha visto. E por cenas que revisito.
Monto e enceno as cenas reais.
Vezes sem conta penso em diferentes finais.
Não me deixes que me perca. A noite está fria lá fora
Estou num deserto sem areia.
Não tenho assunto de conversa, sinto que estou confuso
Estou crente e já tenho fé.
Mas não sou o único! Nem porventura serei o primeiro.
Tenho os braços doridos. E não consigo suportar tamanho peso
Liberto-me da cruz e ponho de lado os meus defeitos.
Já caminhei por tantos lares desfeitos
Troquei a noite pelo dia. Andei imenso tempo sem dormir
Vendi a alma. E na tentação fui cair.
Estou a caminho da realidade. Dou por fim à minha vida de fantasia
A montanha baixou-se como por reconhecimento pelo meu acto
Curva-se perante mim. Presta uma homenagem
E perante uma encruzilhada de verdades ou consequências
Coloco de lado a luxúria
Escolho a simplicidade e sou recompensado com a fé e a bondade
A verdade como uma qualidade irá acompanhar-me em todos os minutos da minha vida
Enterrei a mentira. Ficou sepultada num local que já eu esqueci.
Esta história verdadeira, deu-se tal como eu a contei
Entrei sem fé! Mas a fé lá ganhei!
@BomNorte2010
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