Estrada que se une à parede toda à noite
Obstáculos que se lançam aos meus pés
Barreiras que confundo com bandeiras
Objectos cortantes, barreiras ignorantes
Corte de passeio que me faz mudar de direcção
Era um andarilho que fazia golpes de rins
E se afogava na estrada sem cair.
Medalhas que ganhei por andar em contramão
Quer dar o braço? Não! Eu é que dou.
Assim você não tenta fugir.
Ela não compreende. E eu tento não rir.
Existe alguém que me ajude a atravessar a estrada?
Eu ajudava mas? Não vejo.
Olá homem sombra! Venha para o pé de mim
Bengala que bate no chão para se fazer ouvir
Poder original que não suporta alguém fora do normal
Arquitectos que gritam. O que é que eles querem afinal?
Assim isto fica mal! Perco espaço.
Eu sei o que faço.
Eles são eles, e eu?
Sou o mestre que desenha assim
Esqueço os olhos que não me vêm. E faço igual ao que já foi feito
E tu?
Grito vitória pela confiança que me conduz na cidade
Aliança que me dá confiança, para eu seguir
Lanço os dados como um jogador.
Trovão. Que numero irá sair?
Sem se desviar do seu caminho, ofereço-lhe o meu destino
Salvou-me do deserto e ofereceu-me a salvação
Espreita por mim as estrelas que o guiam na cidade
Sinto-o. Sei que está feliz. Ele pára e eu estou cegamente a olhar para o céu
Sei que ele não foge e que não tenta afastar-se do seu trilho
Um cego um dia contou-me que a cidade está pintada de dourado
Não acredito! Mas não desminto.
Pois a luz foge de mim. Tenho sentimentos
Choro aos cantos para não ser visto
Não me escondo. Mas não me exponho.
Embora Trovão. Estou atrasado!
Calma Trovão.
Não estou assim tão atrasado.
Sinto a velocidade que me ofereces
Estado que me corta a respiração.
Sou um trovão sem luz que o meu amigo conduz.
Ouço vozes mas estou em êxtase
Sou um corredor que corre sem contar
Um encantador de multidões.
Uma lâmpada fundida.
Um fusível queimado, Um borrão de um cigarro apagado
Homem guiado por animais. Sou imperfeito?
Mas será que existe alguém perfeito?
Vivo numa noite permanente
E tu num dia que tem interrupções
Toda a noite é minha companheira. Vivo com rotinas
E tu constróis latrinas.
E todo o meu ser é envolto em cortinas. Toda a noite é minha companheira.
Trovão! Cuidado já me dói a mão.
Miau! Miau!
Trovão! Lindo menino. Ignoras o gato.
Coitado. Faço de ti um robot. Vences as sombras e afastas de mim os corpos.
Eu sei que tenho um tempo só meu.
Sou um louco que anda nas ruas sem atenção
Entrego ao Trovão a minha vida. E ele oferece-me a sua dedicação
Hoje e só hoje leva-me para onde quiseres.
Vai Trovão leva-me e perde-te na cidade.
Quero andar perdido nas ruas e vielas
Avançar e sentir o perfume da estrada
O orvalho que espero sentir. E guiar-te num mapa incerto
Somos uns loucos.
Trovão vai embora. Deixa o teu amigo aqui fora.
O Trovão não sai sem a sua pele. Ele veste partes iguais
E não parte sem a outra parte. Ele não desiste de mim.
E eu vivo em função dele.
A cidade ganhou um visitante errante que percorre as ruas empurrado por um compasso
Túnel com arame farpado. Que atravesso de olhos fechados.
Cidade sem respeito que atravesso de cabeça e nariz empinado.
Sou casado? Sou solteiro?
Sou cego! Mas vejo.
Não sou o último.
Nem serei o primeiro
@BomNorte2010
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