E parto sem destino definido
Aviso quem me quer ouvir
Falo baixinho. Para que ninguém me ouça
E pelas cordas que eu parto
Uno as metades e entrelaço-as
Crio de várias uma só!
Sigo por um caminho de nylon
Encurto as distâncias.
Equilibro a balança que teima em se desequilibrar
Corda que o tempo quis outrora destruir.
Maré que teima em subir.
No firmamento que eu contemplo
Vejo a montanha que faz cócegas ao céu
Namoro da natureza que eu invejo
Cria ilusões no meu ser.
Relembro-me do teu rosto que me faz sonhar
Questiono o meu interior. O que ambiciono mais?
Noticias no Jornais? Ou talvez algo mais?
És um segredo de quem eu tenho medo
Por isso está escondido. E não o quero recordar
Guarda-me por entre os teus sonhos
Mas mão digas quem eu sou
Eu quero ser um mistério
Olho para a lua que me observa
Pisca-me o olho. Galanteio que aceito
E por entre o candeeiro que emite uma luz cintilante
Luz essa que me fere a vista e me deixa na penumbra
Objecto circundante que me intriga
Mas ao qual não resisto
A fadiga toma posse do meu corpo
Luto contra o seu domínio
As cordas que eu cozi
E entrelacei numa só
Separam-se e voltam ao seu lugar
Zumbido que corta o ar circundante ao meu corpo
Som que me acompanha no meu caminho
Viola que transporta o meu sofrimento.
Choro sozinho.
Abandono a música
E sento-mo a pensar. Sinto necessidade de tal
Transporto o sofrimento de um povo
Vagueio pelas ruas da cidade
Não durmo e como mal
Coloco o meu dom de lado
Dom esse que não me leva a nenhum lado
Fui traído por todos
Coloco as cordas de novo
E por entre os acordes da vida
E as notas da razão
Só me resta uma opção
Afino a minha voz que teima em sair
Escrevo palavras ao acaso
As rimas transformam-se em canção
A viola a quem quebrei as cordas
Volta outra vez a tocar.
E eu volto ao meu lugar
Venço os obstáculos que se atravessam no meu caminho
A noite nasceu e por entre casas vazias
que me acenam
Sigo outra vez sozinho
@BomNorte2010
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