Será esta a minha satisfação?
Claro que não!
Está frio cá fora.
O dia está para acabar.
E nas luzes que se acendem
Existe sempre uma prestes a se apagar
A farra está prestes a começar.
Não me acordem. Andam na vadiagem
Vagabundos!
E eu sou o quê?
Por favor interrogações a esta hora não.
Sinto a incerteza de a calçada estar atravessada no meu caminho
Estou trôpego, desfigurado, sem rosto.
Embriagado? Talvez!
Bebo um bebo dois, ou bebo três!
Que lindo!
Três é a conta que Deus fez.
Descubro o pente que se encontra escondido
Metades dos seus dentes já se encontram apodrecidos
E a outra metade?
Já há muito que desapareceu
Cruzo-me com a cidade que me cumprimenta
Capto todos os momentos em alta velocidade
E mudo de assunto com frequência
Quero descobrir um local que me guarde.
Se houver algum. Coloco aqui a bandeira.
Se não? Fico aqui deitado desespero
E junto a ninguém que é o lugar que eu quero,
Sem ninguém perto de mim. Egoísmo puro
Quando estou assim sou muito mal-educado,
Sinto que sou ignorado.
Será pelo meu mau feitio?
Ou será pelo mau cheiro que o meu corpo lança?
Pivete que te faz fugir. Vela sem pavio
Sou um vagabundo que está na lama
Estou aqui! Grito.
Mas tu não sabes aonde estou.
Garrafa que é a minha companhia Vinho sem gosto.
Dou-lhe um abraço e já nunca mais a largo
Lanço-me ao caminho devagar e devagarinho
Sinto que sou a história de alguém.
Atravesso fora das passadeiras,
Vou até onde me levam as bebedeiras
Estou no meio da noite e beijo a estrada.
O Lancil está desfeito. De tanta vez alguém lá tombar
Caio no chão e liberto a minha vida toda.
Ela foge de mim e não quer voltar mais.
E porquê?
Porque caio e não me levanto mais.
Os putos correm na rua. E eu fico contente
Levanto um dedo. Estou contente
Por algum momento sinto que sou gente.
Passam a correr e nem pensam em me ver!
Parte pelas ruas.
Eu penso é que é impossível.
Ai! Será que sou transparente?
Ausente da sociedade eu sei que sou!
E fico toda a noite aqui no chão e a dormir aonde?
No sitio onde cai. No mesmo colchão
Sem ninguém para me ajudar. Ao lado tenho o saco como companhia
Toda a noite. Aqui fiquei.
Sim. Durante toda a noite assim fiquei!
A farra já acabou e o mendigo aqui ficou.
Mas os corpos encontram-se dispostos ao longo da estrada.
E não é só o meu. Nós somos a gente que dorme no esgoto.
Desisti de mim. E não te quero agora.
A noite é uma confidente de um pecado que peca pela demora
Grito aos ventos que já não quero segredos.
Upiii. Hoje é Sexta-Feira
Dia de farra pela noite fora
E para mim é mais uma Sexta-Feira
Em que eu me ando a perder.
@BomNorte2010
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