As ruas separam-se e criam-me caminhos. Tenho os cabelos molhados.
Sou um homem que não espera pelo amanhã.
O hoje para mim já é muito tarde.
Tenho os dedos enrugados da chuva e do frio que me está a fazer sofrer.
Sou uma sombra que não tomba nem contorna os obstáculos.
Faço uma conta em pé.
Continuo o resto do caminho à procura da solução
Sai de casa e despedi-me com um simples Volto já.
Estou perto de me perder. E sinto que não posso falhar.
Não posso ficar mais sem o meu destino encontrar.
O telemóvel não pára de tocar. E eu não o atendo.
Não tenho respostas, nem respondo a perguntas.
O sol afasta as nuvens para o lado para me poder ver.
A chuva apaga o rasto do meu passado.
Eu olho para mim e imagino que estás ao meu lado.
A rua está vazia e sem sombras para me assustar.
Os muros que se erguem à minha esquerda são a sombra dos que se erguem à direita.
Sou um profeta de um partir.
Sou um rosto que escolho para o teu prazer.
Sem voz sem contornos sem retorno.
Um neto sem avós que perdeu o seu lar.
Derivo de um ser que se desloca pelos seus próprios pés.
A água jorra e enche o poço dos desejos.
Uma moeda é despejada com um desejo preso a ela.
Anseia por um regresso. Um bocejo, um beijo desejado
Por vezes sou uma resma de papel que faz parte de um processo.
Arrumado e esquecido. Humedecido por as gotas que teimam a escorrer.
Vagabundeio por entre as ruas.
E decoro todas as luas que mudam o meu destino.
Sou um cubista e um trapezista. Que engana o céu e se vai embora.
Descalço os sapatos e seco os meus pés
E caminho descalço e os percalços da minha vida são a minha raiz.
Raiz que me agarra à terra e não me deixa à deriva.
Dor vadia que pertence a alguém que me quer conhecer.
Sigo em frente indiferente ao meu destino.
Mas sigo sozinho.
@BomNorte2010
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