Vivem dentro da palha e das cinzas da vida. São criadores de ilusão.
Que nos fazem ferver o corpo e sonhar com um cavalo Alado.
De novo à estrada. È assim todo o ano. Limão na boca e a barriga ácida.
Pobreza de um riso que sai do coração. São corpos nus que percorrem carreiros lamacentos.
Pregos na boca e o martelo na cintura. Força bruta em corações de papel.
Mar de risadas. Em campo aberto, cabelos despenteados, correm ladeira abaixo.
Uns para cima outros para baixo.
Como é que se escreve chegou à cidade?
Risotas.
Tens o cérebro dilacerado pelas intempéries disseram logo os palhaços
- Chegou escreve-se com um X. Diz logo o mais petiz.
Um homem com os ombros largos e profundos rasgões no rosto dá-lhes serventia.
Pobre saltimbanco que foi marcado pelos tigres. O seu sonho fora desfeito mas a vontade é mais forte.
As máquinas já se encontram oleadas e afinadas.
A lubrificação assinou uma permuta com a idade. Circo pobre chegou à cidade.
Circo vaidoso e idoso.
Circo com feras desdentadas.
Collants rotos remendados com verniz das unhas.
Verniz incolor num circo com cor.
O vestuário dos artistas já está pendurado num cordel na tenda que serve de apoio a tudo.
A costureira remenda e alinhava. È uma fada que paira neste mundo
Cria novo e altera o velho. Perita em decoração costura e em limpeza das jaulas.
Polivalência de uma classe que são uns simples feiticeiros.
Passado que me faz lembrar que hoje sou electricista e amanhã um artista de pista.
A minha vaidade é presenteada com colares e maquilhagem.
Hoje é o dia da estreia e por isso bebo um cálice de aguardente.
Que também serve de pente para alisar o meu escasso cabelo
Sou um dos artistas que vive num mar profundo.
Sou um repetente da pobreza que me esconde e me lança para longe da riqueza
Mas hoje a minha alegria não irá falhar e irá lançar um sorriso sádico na minha cara.
As crianças iram ser iludidas pela magia do circo que por vezes me arquivo na letra P.
Penico dos artistas.
Mas não sou mais que um criador de fantasia.
As botas estão prontas para serem calçadas. Já foram engraxadas.
As crianças vibram de alegria.
E o circo não sobrevive sem palhaços
Cambalhotas trampolins e cavalos
Contorcionista, Malabaristas e outros artistas
A tristeza agora passa-me ao lado.
Viva a fantasia.
Viva o circo.
@BomNorte2010
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