Sinto-me triste e abandonada que já nem gosto de mim.
Retiro todos os espelhos de minha casa para que não existam reflexos deste mal
Reflexos que me causem complexos. Me torturem a alma.
Preciso de um pouco de calma para poder pensar um pouco.
Rezo três Ave Marias cheias de graça.
Estou com a cara no cimento. Tento afastar a desgraça.
Quero ter graça mas sou um palhaço tonto
Que tomba sobre os meus alicerces.
Liberto ruídos que não são mais que rugidos de sofrimento.
Queria tanto alguém que me fizesse companhia.
Um momento de alegria por dia. Tamanha alegoria que altera o significado.
Estou condenada à solidão.
Tenho saudades das vozes das crianças que brincam à minha volta.
O ranger do soalho que sofre pela compressão dos passos rápidos das crianças que correm à sua volta.
Paredes sujas de chocolate, decalques de mãos sobrepostas sobre o papel de parede.
Cheiro a leite quente, e a cacau que aqueço numa cafeteira torta.
Sinto uma angústia terrível, um aperto no coração.
Tempo ido que não volta.
Pãozinhos quentes amontoados em cestos de verga.
São andares de recordações. Que apodrecem no estendal do jardim.
Dou corda ao relógio para fazer soltar o animal.
Estou cansada de tanto sonhar. E estou completamente muda.
Não falo com ninguém. Não tenho ninguém com quem falar.
"Ela não está bem!" Ninguém que constate que eu estou mal
Mas esta é minha cruz. Deito-me e viro-me sobre a minha dor.
Choro muito e peço salvação.
Mas acho que já cheguei ao fim dos meus dias.
Será que existe alguém para me salvar?
Ou alguém que sofra como eu?
Alguém que não tenha morrido!
@BomNorte2010
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