Tenho medo de certas ligações que se perderam no tempo.
Tento por esse motivo afastar-me de ligações que só duram um momento
Assopro as velas de um moinho que rodam a favor do vento.
São simples farrapos sintéticos, pano salpicado de branco
E eu sou um transformista maquilhado com o pó da semente da verdade. Gosto da espiga que me faz lembrar um cacho de uvas. É um encanto para os meus olhos
Muitos foram os que partiram, e os impérios que me fizeram sonhar, foram catapultas que tentam a todo o custo tornar-se aliadas do vento.
Nas no tempo tudo tem um tempo. E esse sentimento são as medalhas que o tempo ganha. É o dilacerar do meu coração
Mas as velas do moinho. Onde estão elas?
As igrejas com as paredes enegrecidas já há muito foram substituídas.
Recordo as rotações e o chiar das engrenagens. Das articulações que teimavam a se juntar
E a farinha queira ser minha vizinha, espalhava espigas no chão, saudava-me com ternura e juras de improviso.
Adoro o branco pó que me alisa a pele. E adoro o improviso que me provoca o riso
Cor que dá luz à vida, grão que a peneira rejeita, pão divino que o diabo provou e nunca mais largou.
Medidas e mais medidas, caixinhas com que eu brincava. Adorava sulcar com os meus dedos o branco da farinha, são os desenhos que não lembram o diabo, melodias cerâmicas que me lembram tempestades.
Vou guardar estas lembranças nas caixinhas com pó Pirlimpimpim que me faz sonhar
Limpo o pó dos meus ombros e retiro-me deste local de desencontros e vejo-me livre dos escombros. È o jeito que me faz recordar o tempo que eu escondo na escuridão. È a sombra do sol que se pôs.
O céu esconde a magia e o moinho partiu de verdade, abandonou a cidade e deixou as suas cinzas.
@BomNorte2010
Comentários
São simples conjugações que buscam a vida real, sabemos que ao poeta é difícil fazê-las entender exactamente como ele as sente.
São simples conjugações que buscam a vida real, sabemos que ao poeta é difícil fazê-las entender exactamente como ele as sente.