Pela minha janela vejo o verde da rua. Amo a terra e sinto saudade do arque me brinda a madrugada.
Quero que a estrada me guie nos campos, me desvie dos negros barrancos, e me ame em silêncio.
Para lá do monte leva-me o atalho que me desvia, dirigi-me em direcção ao Norte, e esqueço por completo o Sul
Rosmaninho que me refresca o pensamento, e me revela novas sensações.
Espreito pela janela de madeira atacada pelo caruncho, os vidros encontram-se quebrados, janelas mortas e despovoadas.
Ferragens que teimam em não abrir, metal enfraquecido, decadência que me lembra a fome
As paredes estão repletas de molduras vazias, sem distinção na distribuição, acuso o tempo pela degradação.
A árvore que é minha vizinha faz-me cócegas ao pensamento, e corrige-me o imperfeito.
Deixo que os versos falem por mim, e a minha caminhada de poeta desperte para a realidade.
Crua a verdade, saudade que me leva a reflectir e a repartir a minha intimidade com outros.
E a ver o que não se vê.
Com os meus olhos cerrados sonho com uma manhã de verdes prados. São rosas. São cravos.
Estão plantados lá em baixo, junto ao carreiro que serpenteia os canteiros.
Grãos de pólvora que me trespassa a terra crua e revolta. Cal que com caio as encostas.
Salpico de branco o universo cru e perverso, que derrama sobre a terra o seu sangue.
Cabelos brancos e soltos, que caiem sobre mim. Fujo desamparado do campo.
Regresso à cidade cruel, será o inferno o meu destino?
@BomNorte2010
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