Descalço, embaraçado, sempre caminhante, e eterno confiante
Tento captar as encostas da minha cidade que ele percorre ide lés a lés
Ajuda as crianças, dá-lhe a paz, são carcaças da vida que fazem bater o coração
O pregador está por entre nós. Cai e levanta-se, olha para nós com o carinho que lhe trouxe o tempo.
Aponta na nossa direcção a bondade e distribui a calma que a paz lhe traz
São os recados que Deus lhe contou, é de graça a conta, não quero pagar mas quero comer.
Lindo o seu olhar que encanta o fogo e me faz sonhar. Esqueço o trabalho que tenho para fazer.
As barcaças que dormem no rio, ouvem o pingar da sua roupa encharcada,
Embalam o seu sono, cantam canções que o mar lhe sopra pelo fole das profundezas.
São as tristezas que o mar engole, coloca na sua cabeça a coroa de espinhos que lhe tira a graça.
Liga a vida uma à outra e dá comida na boca ao enfermo ferido na guerra da vida.
Pobre o cego que vê no escuro a claridade que me desafia e dá vantagem.
São vidas contrárias à minha mas com laços de semelhança. São casos da vida que trago para a rua.
Sentido que a vida aponta. Amar e idolatrar sem ser castigo
Tento salvar a multidão mas? Não sou Deus.
Bom Norte
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