Ele prometeu. Criou em mim uma ânsia que me impede de sonhar.
Promessa que me faz acordar pela manhã, e não consigo dormir na noite que aguarda por mim.
Choro acordada, fico calada, corpo dormente pela espera. Anseio por ti.
A vida nega-me o que tenho direito e espero a chegada, rezo a todos os Santos
Decoro os ruídos vindos da multidão que me rodeia. Transparente é a parede que me faz crer na tua vinda.
Disputa desleal pela janela que me nega a tua imagem
Guardo todas as minhas lágrimas numa caixa de cartão. Mas coloquei um mata-borrão e umas ficarão, e outras não.
Adormeço embalada pelos soluços da minha mãe, e acordo sobressaltada pelas saudades que ela tem.
Imagino ser uma sereia, cruzar os mares, e nadar até o meu corpo mirar.
Fico presa nas redes da realidade, e olho pelos intervalos das estrelas.
E peço justificação aos Deuses que me prometeram a tua chegada.
Corro, corro e não me apetece bloquear o meu corpo, quero a noite prometida. Quero ser beijada, sentir o teu calor que me deixa risonha. Sonhar na noite, não quero me sentir abandonada para sempre.
Mãe! Acho que ele está lá em baixo?
Não. É apenas uma sombra que se reflecte lá em baixo, O vidro quase estala pela pressão do meu nariz que marca a silhueta do meu rosto que soluça por ti.
Deixo os sonhos em aberto, e ouço os passos dos sons desaparecidos, espalho sinais, marco atalhos, limpo as canas e as silvas que podem bloquear o teu caminho.
Peço ás estrelas que iluminem os campos, e olho fixamente o vidro da janela que me faz esquecer o inferno do abandono.
São tristes os olhos que eu tenho, adoro o dia. Adoro o dia que ilumina os meus olhos, imagino a tua imagem, desenho a tua figura desmembrada que ainda guardo dentro de mim.
Tenho nódoas escritas nos meus braços, são súplicas do poeta que declama por mim.
Apago a luz do meu quarto e tento descansar os meus olhos.
Irei mais uma vez tentar que o sonho se converta em realidade.
Bom Norte
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