Pára o teu olhar, e fixa-o em mim
Esta pinha foi mandada por alguém trazer.Não desvies o olhar, pára e admira-a . Pois ela amanhã pode não estar aqui.
Sentes necessidade de te moveres e olhar para novos locais.
Às vezes são lugares distantes. Lugares que só descobrimos na noite.
Lugares isolados e perdidos num espaço que nada tem a ver connosco
Será que sentimos necessidade de dizermos que estamos aqui?
Ela sente a necessidade de se mover, descobrir sensações, viver experiências.
A mudança dá-lhe força. E precisa dela para resolver os seus problemas.
Eu penso no tempo. Sinto falta do que perdi. Todo o tempo perdido faz falta, e o mundo move-se ao segundo tentando bater as décimas que se atravessam.
A pinha atravessa-se na rua que me leva a ti, sente falta da árvore que lhe ensinou a amar.
Rebola na calçada, corre junto à estrada para lhe mostrar a casa distante.
Cada espaço que conheço marca-me o pensamento.
Sou uma pinha indefesa. Que guarda o seu melhor dentro dela.
Vira-a e roda-a, mas ela fecha-se na vida sem sentido. Guarda os pinhões que se desfazem. São os seus filhos. Faz sentido.
Ela é o órgão de uma planta que se encontra perdida. Não é uma fruta.
É uma semente que bóia.
E eu sou o que saboreia o interior, dou o que dou.
O melhor do que sou é a beleza do meu olhar. E ela pensa em mim como um cowboy que desafia o seu gado, homem de múltiplos sentidos.
E eu? Perdida no gesto que me guarda dentro de mim. Lanço a ancora e acredito. Mas sinto que não consigo mergulhar. Tenho medo de falhar, de naufragar.
Deveria ter dado ouvidos a Freud e por ti não me apaixonar. Sou uma pinha louca. Feliz e apaixonada.
Sou uma das sementes proibidas que se transformou numa barcaça para navegar bem longe de ti.
Mas sofre por se afastar. E Ama.
Ama como só ela sabe amar.
Bom Norte
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