Segredo falso. Ou uma simples história que irei contar.
Viagem temporal que embateu nos galhos de uma árvore, ficou pendurada à espera de ser contada.
História proseada que se banhou no tempo. História de uma viagem de que tenho saudades,
Montes de caixas cheias de livros, caixas empilhadas que oscilam, tentação de ser tombadas.
A porta da escada está encerrada, o quarto sufoca, está farto de guardar o meu segredo.
Quero resmas de caixa com lenços de papel, para o suor ir limpando. Mas irei basculhar no tempo e libertar o segredo.
A história será interminável e as personagens eternos figurantes de corpos torneados pelos anos, Jogo da vida que em tempos distantes se agarrou ao nosso corpo.
Quero ouvir a história a ser contada, e quero que ela parta para longe daqui.
Ofereço-a ao mar que a vem buscar, salgando os meus pés e deixando a lua a iluminar.
Declama o mar, alonga-se no tempo, atrapalha a sua voz e rende-se ao choro, tristeza que dá beleza à história.
Interprete sem igual, bom rapaz de pele com a cor do mar, que bebe a água despejada na areia.
Fala e volta a falar e as palavras só me lembram o silêncio. Estará o mar perdido? O mar não consegue contar o meu segredo.
A areia enterra o meu segredo, perdido no meio dos grãos da amarela sílica, torna-se invisível a sua voz.
A lua foi dormir já estava cansada. e a noite é para dormir. E o sol está prestes a aparecer.
Cruzo-me com o vento que bloqueia o meu caminho. Lança o meu nome ao ar para que todos o possam escutar.
E tal como a história no mar começou. A saudade a irá finalizar. E o segredo mais uma vez ficará por contar.
Queres ouvir o segredo? Encolho os ombros e mostro-te as minhas mãos vazias. Um dia quando tiver tempo arranco-o ao meu peito, e deixará de ser só meu.
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