Hoje destrui o ontem. Pois irei criar o amanhã.
Amanhã que rasteja aos meus pés como um réptil..
Desvia-se dos pontapés que me ofereces.
Malabarista que fustiga a minha pele de mulher.
Oferece-me o castelo mas a enclausura da torre deixa-me nauseada.
Nada em mim é mais importante do que o ontem que o hoje me oferece.
Julgada, condenada ao silêncio, tornei-me um reflexo que não consegues ver.
As lágrimas secas escorrem, e encontram-se no chão, despem-se da alegria e cansadas adormecem.
Abandonam-me no silêncio, escuto somente o batimento do meu coração,acaricio os meus braços, são eles o meu amante, o rasgar de um lamento que me acalma, amante esse que adormece os meus braços.
Já a luz. Essa nunca chega a mim, somente as sombras, que confundem-se, criam o dia e a noite que não sei distinguir.
Branca ou preta é a cor do Amor que conheço
A cor da minha pele pouco interessa. Serei talvez amarela?
Ou talvez até seja uma borboleta branca que se tornou preta?
Nada mais me interessa , o meu tempo para mim acabou, estou livre. Poderei agora me juntar aos outros dias do eterno calendário.
Sou uma bailarina que dança em cima de espelho sem reflexo.
Mulher que roda e roda, pião que não pára de girar.
Já os meus gritos anunciam o silencio de uma tortura.
A caixa de música diz-me que o sonho respira em mim.
A chave que a bailarina guarda na sua mão, encerra o meu segredo. Sonho em mim que me faz cerrar os olhos e sonhar.
A pomba branca foi lançada por mim mas?
Regressa e oferece-me um bilhete para a liberdade.
Sem saudades. Somente o amanhã agora interessa, o resto será um simples zero.
Algarismo que balança na minha cintura, lançando-me contra o tempo. Caminharei só até à eternidade.
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