Carnide!


Terra de onde eu parto!
Sinto! E espero guardar o cheiro da minha terra!
A cor que anseio! O nome que nunca esqueço!
Razão! Sentir Carnide!
Desprezada por vezes! Embelezada por mim! Enfim!
Mágica se tornou! Ilusão nos oferece!
Terra molhada. Macia! Que cheira a orvalho!
Becos e azinhagas que serpenteiam pelas estradas!
Crianças que brincam e encantam!
Rua do Norte! Ou talvez Bom Norte!
Rua da sorte que lhe quero bem!
As crianças? Onde estão elas?
Correm! Estão felizes! Alegres!
Polvilham com a sua alegria Carnide! Colocam fim à melancolia!
E os idosos?
Os Idosos ansiosos! Guardam histórias no seu livro de memórias!
Rebanhos que pastam! Crias que acompanham a sua mãe!
Árvores dispostas em harmonia! Natureza que coabita com simpatia.
E as casas antigas! Agora vazias?
Casas vazias que morrem e soluçam! Pedem ajuda! Consegues salvá-las?
Chegou o seu fim! Tudo acaba! Mais tarde ou mais cedo as pedras deslocam-se!
Provocam a derrocada! O fim! A mudança!
Mas tudo o que lhes resta é a esperança!
Nem tudo é morte!
Lá no largo as palmeiras acenam!
Oscilam as suas folhas e refrescam o ar que respiras! As casas estão coloridas!
As velhas lavam as suas roupas! Branqueiam!
A Cor negra das suas vestes marcam uma posição! Não estão receptivas a uma aproximação!
Celeiros para animais! Prados e outros mais! Cheiros sensuais! Fragrâncias sazonais!
Pardais! Tordos! Morgados que embelezam os seus quintais!
Ramos de Alecrim que ardem! A Igreja rivaliza com a beleza do jardim!
Ao fundo ainda vejo!
Cortejo! Marchas! Feiras e muito mais!
Freiras! Freis! Padres e Conventos todos coabitam em harmonia!
Coreto orgulhoso do seu lugar! Mesas que se agrupam para o jantar!
Mesas com ruído! Jovens casais o que comem?
Doces conventuais!
Os carros estão mal colocados! Atrapalham!
Mas é esta a sua Magia!
Carnide no meio da confusão! Liberta-se e reina
É forte a freguesia!
Quiosques com livros! Fábrica do pão!
Alfaiate que corta e rima o refrão!
Os sinos entoam por cima da minha cabeça!
Carnide espelha saúde e beleza!
Encanto e mistério!
E a Pobreza? E a desilusão?
Existe porventura alguma, pois então!
Carnide não é só beleza tem feridas e cicatrizes!
Os pombos não são perdizes! E os meninos não são tão finos!
No meio da beleza existe a certeza!
O que é feio! Bonito se torna! A água ferve! E o leite entorna!
Poetas e pintores fotógrafos e artistas!
Pincelaram-te de beleza e te oferecem grandeza!
E as ruas à luz da lua ! Iluminam a minha calçada!
Ao fundo desço a escada! Abandono Carnide!
Mas sinto! Que um dia hei-de voltar!
Ou talvez! Nem tenha coragem para partir!
BomNorte2010

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