A Ensinar também se Ama




Estou impaciente.
E por vezes torno-me prepotente
Mas no fundo sinto que sou impotente.
Estar atento é um dever.
Por isso treino!
Olho direito sintonizado no agir e olho esquerdo no reconhecimento
Ser Professor é sentir terror, por vezes, no desenrolar de um triste acontecimento

Aborrecimento! Traumatismo craniano!
E o aluno que foi mal-educado?
Chumbou?
Passou! Transitou de ano!
Por vezes, chego à escola e no meio de tanta sacola sinto até um chamamento
E com os meus olhos postos numa luz do firmamento
Mas depressa regresso a esta triste realidade
E me lembro com tristeza mas também tenho a certeza
Do triste acontecimento que acontece cá dentro!
Droga! Vandalismo! Desobediência
Credo! Onde pára a Jurisprudência!
Leis desordenadas que não levam a nada!
Escola aberta! Escola fechada!
Decisões à socapa
E perante tanta escola fechada
E sem chaves nos canhões!
Encerram os portões perdem as chaves!
Trapalhões! Maus! Aldrabões!
Está o ensino sempre à deriva
Sendo porém o Estado culpado!
E o professor o chagado.

Sinto a chama que me chama.
Razão que me leva a escrever
Sinto revolta! O sangue está a ferver!
Os alunos sentem necessidade!
E eu a obrigatoriedade!
Tenho que ensinar!
Foi a profissão que escolhi.
Às estatísticas não obedeço
Mas de males eu padeço!
Males da profissão!
Suicídio! Depressão!
Tenho que ter muita coragem!
Mas no meio da complexa engrenagem convém fazer uma paragem!

Mas sinto que sou pai deles
E eles a mim me escolheram
Sofrem abandono pleno!
Subornos à troca de um sossego!
Oferecem-lhes dinheiro aos magotes!
Coitados são uns fracotes!
E no meio de tanto desprezo.
Ainda sou eu que apareço.
Para fazer a União!
Silêncio! Vai começar a reunião.

Gangs e lutas acesas para marcar território!
Mediador me torna.
Comentado, desprezado, abandonado.
Sou até avaliado por colegas de profissão!
Basta! Fim da Rebelião! Chamem um tabelião
Formalizar juridicamente a vontade das partes
Móveis que estragas! Janelas que partes!

União das duas partes?
Não! E no meio de tanta guerra.
Eles ainda dizem em coro.
Sente, esta beata entrar em ti
Não percebo a linguagem
É uma questão de linhagem

Mas ainda antes de sair pelo portão
Ainda me colocam uma questão!
Stor? Stora?
Sabia que o André é o melhor dos rapazes?
Sexo? Por favor não!
Tenham por mim compaixão!
Não se sintam na obrigatoriedade. Porque ainda não têm idade!
Fim da aula!
Saem em grupo. Discutem a vida!

Vou para casa.
Vou para o chuveiro
Chego primeiro

Sentado na cadeira
Leio faço a revisão e por fim planeio
Anseio pela próxima lição!


@BomNorte2010

Esta é uma homenagem a todos os professores que sofrem e que fazem das tripas coração para o ensino melhorar.

Comentários

Lisa disse…
Sei o que isso é..Trabalhei numa escola e não era professora :-(
Lindo texto e uma grande verdade..
Bjs
Anónimo disse…
" É amando que se ensina..."

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