Em nome de Deus em defesa do próximo!
Sinto a pele a estalar de tanto calor!
De tanto soar!
Contra o fogo lutar!
Não complico e por vezes suplico!
Velas que apago com um sopro!
Apagadas pelo calor que tento refrescar!
Giesta que utilizo para o teu corpo percorrer!
Pás e contras as pás caímos os dois no chão!
Cai mais um Soldado da Paz!
O vento sopra de novo e a brisa alisa o caminho por onde passo!
Sinto estalar! Queimar! Cinzas no ar! Rosto sujo que tento limpar!
Não consigo respirar! Por entre a roupa procuro um talismã
Uma cruz que me conduz por entre labaredas!
Fumos e pássaros que fogem!
Estou só! Não tenho o céu como companhia!
As nuvens penteiam o azul do céu!
E o cinzento mistura-se com o azul!
O meu corpo sofre de dor! Desidratado! Ajoelho-me no chão e penso:
Estava já circunscrito?
Como ?
Eu estou dominado! Contaminado! Cercado!
E ele forte! Com vigor! Sopra labaredas! Respira força!
O meu surrealismo torna-se realismo!
Os coelhos correm e fogem abandonam as suas tocas!
Eu! Retiro as minhas botas.
Tento encharcar a minha roupa com lama.
Chupando-a! Tentando me refrescar!
Coloco ao botas ao meu lado, deito-me no chão por entre a lama!
À espera! Sim! Desisto!
Colo e descolo o Velcro da minha roupa!
Esperando!
Estou cercado! Nada a fazer!
Pareço um pássaro dentro de uma gaiola!
Aprisionado!
Cercado por um gato que me tenta matar!
O vento forte torna-se um companheiro!
O único!
A minha desistência! O meu abandono! A minha partida!
Dói-me a barriga! Tenho medo!
Comecei à procura da aventura e acabo sem um acto de bravura!
Sou um soldado sem armas! Soldado desconhecido! Luto contra forças irreais!
Da floresta fogem mais animais!
E eu fico!
Serei simplesmente um número! Uma estatística!
As labaredas que atacavam outras posições, de repente lembram-se de mim! E avançam!
Parece que entoam uma canção tribal!
Tribo essa que quer um troféu!
E eu sou esse troféu!
Não ofereço resistência! Sou obediente e entrego-me!
Elas chegam a mim!
Acariciam o meu corpo e envolvem-no!
Pincelam-no com as suas cores!
Dói! Dói mesmo muito! Tenho dores!
E Medo! Mais concretamente pânico!
Espero que seja rápido! Fecho os olhos e tento relembrar toda a minha existência!
O lume castiga a minha insistência!
Vida por Vida
Uma luva cola-se à mão! A outra não!
Começo a inalar cheiros que me lembram o meu corpo!
Credo! Vou partir!
Ouço um sino! Tlim-tlim-tlim aflito de um carro ao longe!
Abro os olhos e admiro!
Quase consigo ouvir ao longe
A população aos gritos
Tragam um cântaro ou pote para acarretar água para o fogo apagar
Cavem com uma enxada ou foice com as mãos ou com os pés!
Esvaziem as piscinas! Liguem as mangueiras! Reguem as casas!
Resisto!
Deixai o Herói descansar!
Reclamo eu!
A minha face está sulcada pela dor!
O meu cabelo liso torna-se encaracolado
Cheira a chamuscado! Queimado!
Pareço que estou num caldeirão de ferro!
Os traços do meu rosto já não são os mesmos!
Estou a transformar-me!
Padeço, Sofro!
Meu Deus! Morro jovem! Disforme! Irreconhecível!
Choro! Grito! Suplico!
As aves de grande porte entristecem com a minha sorte!
Voam em círculos ao longe!
Prestam uma última homenagem!
Emocionado! Acobardado!
Desisto! Lembro-me de uma oração! Tento rezar!
Ave Mar_ _
Adeus!
Parte um Soldado da Paz!
@BomNorte2010
-Em Portugal estima-se que existam cerca de 13.000 veículos ao serviço dos bombeiros.
-Os bombeiros Portugueses cobrem uma área total de 92.391 km2 .
-Existem cerca de 40.000 bombeiros em Portugal, distribuídos por voluntários, Sapadores, Municipais e Privados.
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