Carregar todo o peso do Mundo



Carregar todo o peso do Mundo

Peso que distribuo pelo corpo inteiro
Dói-me as costas. Mas cá vou indo!
Subo as escadas e aproveito todos os patamares para me encostar à parede
Corpo que enfraquece.
Tento com as minhas mãos o meu corpo suportar
Cansaço que não transparece mas que o corpo aquece
Suor que evapora. Deixando sinais que por lá passou
Toalhete que limpa a pele deixando-a cheirosa
Poros que são abertos na minha pele envelhecida
Corpo que vagueia ao vento
Tento a família sustentar e todos os seus problemas resolver
Sou uma voz que chamas quando de mim precisas
Contas comigo e eu sou um mero invento
Que te dou sustento e que te faço sonhar
Sou uma mãe, e uma mulher que vive um mundo imperfeito
Corpo perfeito que tento em vão o transformar
Original tento ser mas sou uma pessoa normal e racional
Compro uma lembrança na esperança que a mesma te vá animar
Tantas vezes passo fome mas sem alimento não ficas
Velo para ti toda a noite. Estou cansada mas estou presente
Presa ao berço passo as noites de verão agarrada à tua mão
Passa a minha mão pela tua e sinto o teu pulsar
Canto uma canção que embala o teu sofrimento
Sinto as badaladas que tocam no sino da igreja
Martelar que me faz lembrar. Recuar. Recordar
A dor sentida por tanto eu Amar
Olho a porta e espero que a noite me traga uma revelação
Sinto o vibrar de uma mensagem chegar
Mensagem que não passa de uma quebra de energia
Desliga-se o telemóvel como por magia
Olho pela janela e tento desistir.
Abro-a e a lua que me espera revela o meu sentimento
E tento observar no entanto a beleza do encanto
Da minha dor que não vai embora
Crateras que se elevam, expelindo o meu sofrimento
Sentimento que retenho cá dentro
Pulseiras sete escravas que não se sentem iguais
Anéis que marcam a diferença
Roupa que marca a presença
Seda que me refresca.
Deixando-me fresca por fora e nua por dentro
Rolar dos carros na estrada, chiar dos travões
Sobras que deixas e desprezas e deitas no caldeirão
Relâmpagos que sucedem a trovões
Alvorada cinzenta que nasce dentro do meu beijo
Conto e marco a distância.
Meço-te e a ti te impeço
A chuva está perto.
Refresco que arrefece a estação
Calor que teima em partir e luz que teima a brilhar
Não partas sem mim. Não durmo e os meus olhos dão sinais
Rugas que revelam uma idade incorrecta
Batom que contorna uma boca perfeita
Solidão que me deixa e filho que tenho junto a mim
Estafeta que tenta em vão a encomenda entregar
Mas! Hoje quero descansar um pouco mais,
O dia nasce e eu estou a resistir. Enfim!
Parto em passo apressado corpo cansado que dirige o meu pensamento
Dia que começa à hora marcada
Corpo pincelado e transformado
Cansaço maquilhado que não quero que transpareça
Pirata sem barco que o galeão quer pilhar
Pássaro que voa na minha direcção
Céu que se levanta e me venera
Luta que travo sem rival
Mãe com segredos
Mãe que pinta com cores alegres a tela que pendura na parede
Mães iguais que olham para os filhos e lhe procuram sinais
Mães que semeiam ventos na encosta do monte dos vendavais
Desespero que transforma em alegria
Barriga cheia. Barriga vazia Luta e empatia
Buraco ao qual escapa e se suja de poeira
Pão que amasso e sem farinha o faço
Diabo que crucifico
Cabos de aço que com pouca força desfaço
Nós e cabos que entrelaço e voam andorinhas nos beirais
Bondade que santifico. Libertando a pomba da bondade
Mães que vencem os pais e que ganham os filhos.
Famílias unidas e famílias rivais
Ventos do Norte que sopram no Caís
Dados que rolam e marcam números desiguais
Número escolhido que é diferente do saído
Abandono a cama e deixo a doença sair
Rendo-me mas não desisto
Como me sinto?
Cansada mas realizada.
Entre o rio e o oceano Comparo o tamanho
Ao cansaço das coisas que eu faço.

@BomNorte2010

Comentários

Mensagens populares