Fim do Verão? Ou o Verão a terminar!

Por entre as escabrosidades das rochas
Corpos agarrados tentam em vão ao céu chegar
Cabelos em cachos esvoaçam por entre penhascos surrealistas
Corpos dispersos dispostos em quincôncio na areia da praia
Formas baralhadas. Ondas que se transformam em fios de espuma
Espuma que se materializa e que a areia alisa.
No meio da confusão um bebé sobre a sua mãe se debruça
Choraminga, gatinha e bolsa.
Cabelo anelado, olhos esbugalhados,
Tornou-se vendedor por necessidade e percorre a praia sem piedade
Corpos escaldados lançam-se ao mar tentando em vão a temperatura baixar
Digestão encurtada, hora que pensas encurtar
Multidão de formas nuas
Tons de cor delicados, calções esfarrapados com motivos estampados.
Circulo por entre os veraneantes refúgio de calor escaldante
Peles baças pouco hidratadas.
Peles gordurosas
Peles tratadas
Rapazes rendidos à beleza que passa
Secam o corpo com harmonia
Lançam um incitante olhar
Olhar de engate que quer seduzir
O mar está salpicado de azul
Meninos correm pelo areal em direcção ao mar
Sem oposição despertam atenções
Feições de anjos com sentimentos divinos
Saltam ao eixo e fazem o pino.
Corpos torneados, corpo atlético
Raparigas em grupos com corpos esqueléticos lêem revistas
Trocam mensagens sonham com desfiles que lindas miragens
Olham com desdém a bola com creme que trinco com prazer
Palato divinal que aguça os sentidos.
Açúcar crocante, figura esférica que a minha mão protege
Escondo dos olhares que me lançam faíscas
Por entre os castelos de areia escolho o percurso que planeio
Antecipo o tempo.
Cães endiabrados que lutam na praia
Moças que em mim reparam e me olham de esguelha
Sorrisos envergonhados.
Continuo a minha viagem e a praia realça os seus encantos
Areias que os pintores perpetuam os poetas sonham e os fotógrafos enquadram
Azul salgado, peixe que alimenta. Cor do meu céu que tento na minha imaginação recriar
Fio de azul líquido que tenta ao mar as suas lágrimas desaguar
Adolescentes que apresentam expressões divinas trocam de números
Engates de Verão que por pouco tempos duram.
Nadador salvador que dobra as bandeiras que hoje hasteou
Verão que deixa saudades
Imensas mentiras
Que o mar lavou
E que depois de limpas
Em verdades transformou.
@BomNorte2010