Metade de mim está sozinha.



Calor que sabe a pouco
Pele de leopardo que carrego aos meus ombros
Tatuagem que tatuei e que nunca mostrei
Nada me faz parar
E enfim quero ser o rei do asfalto
Viro à esquerda e pela direita me apresento
Vejo os telhados com telha à portuguesa
Caixas do correio
E carros que passam na estrada
Saio da estrada
E caminho no passeio
Escondo algum dinheiro
Dinheiro que quero guardar até ao fim da noite
Aliso o cabelo e por meio da malta que se enrola e que me ignora
Vou ter com o porteiro! Quero entrar!
Quero ver o Rei.
Espero que o meu desejo se transforme em realidade
Pois eu no mundo não vejo maldade
Será que sou ignorante ou simplesmente um viajante
Pego no isqueiro.
Acendo um cigarro que já não é o primeiro
Estou nervosa!
Não fumo o cigarro inteiro
Sou empurrada pela multidão!
Levo murros e encontrões
Parvos! Trapalhões!
Lisboa não é cidade que conheça!
Retoquei a pintura e mantenho a postura
Olho o soldado peço licença e atrapalho
Estou perdida e nem me importo
Estou mal disposta!
Se assim estás.
Arrota!
Que linguagem?
Focalizo uma passagem.
Derrapo e peço licença
Cuidado! Cuidado!
Grito até à exaustão!
Apresento-me pela esquerda e estou em contramão
Não conheço quem me barra! Nem quem à porta está
Por isso dou meia volta e sinto uma revolta
E por meio de escadas e portas
Regresso só!
Tristemente só!
À minha humilde habitação que me ampara e não me barra
A minha juventude que tento viver até à exaustão
Se a montanha não vai a Maomé.
Maomé vai à montanha.
E eu fico aqui deitada!
Num mundo que me convida. E seduz
E me encaminha. E o meu corpo conduz
Levando a minha existência para longe dos outros meus iguais

@ Bom ⏠⏝⏠ Norte

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