Estou no caminho certo. Mas decido circular por fora
Vou em frente e não vou voltar atrás
Se demorar mais tempo!
Não me interessa. Estou sem pressa!
Sei que tenho muito para percorrer
Sinto o eco da consciência
Sempre em conivência com a minha paciência
Sei o meu lugar. Vivo em lugares que invento
Sou um pobre, Vivo na solidão!
Não ultrapasso fronteiras, Nem derrubo barreiras
Vivo no meu mundo pobre.
Não vendo alma, Nasci num prédio que já ruiu
E tu vives numa rua que não é tua.
Nem me tento aproximar do teu mundo . Estou decidido!
A tua casa tem muro. A minha tem rede!
O teu chão é pintado de verde com uma erva sôfrega que sacia a sede
O meu! São sirenes que circulam em contramão
Perseguindo o meu pai. Prendendo o meu irmão
Bairro social onde as tags são marcadas como aviso!
Chão coberto de sangue que mancha os meus pés no chão que eu piso
Hoje levo um choque. Amanhã perco uma irmã
Nem penses a mim recorrer! Tens muito a aprender
Eu não sou boa companhia! Agradeço a tua simpatia
Se tivesse dinheiro ainda ia? Como não tenho! Fico por cá!
Sinto o eco da consciência e regresso no meio de um pranto
Que se passa lá fora? Caio e tropeço na viola
A realidade faz com que eu regresse à verdade.
Levanto-me do chão e espreito por cima da cama
Deserta esta a minha rua, Sinto que a minha alma está lá fora.
Estou triste. Estou desfeito
Lá fora o arco-íris combina as suas cores
E os sinais piscam como se a rua fosse só tua.
Lá em cima está a lua,
Se a rua é tua! A lua é só minha!
Ouço barulho! O movimento regressa à rua.
Os bandos preparam um massacre. Planeiam um ataque
Parto sem um voto de confiança. Vou para Lisboa ou para França
Pelas hortas que estão plantadas. Piso as abóboras condenadas
E sem nada para me esconder.
Olho o guarda que se aproxima de mim.
Mostram-me a verdade e ajudam-me a separar o diamante do vidro
Vai-te embora! Parte! Deixa este mundo só para mim.
Abraça-me e despede-se de mim.
Estou só e parto por fim
Caminho ao encontro da verdade.
As linhas são pintadas no chão
Sinais que me mostram o caminho no chão
Separo o joio do trigo e fujo estafado
Bebo água e como figos
Se houver alguém que me guarde?
Venha até cá! Chegue-se a mim.
Porque é que os pobres dão? E os ricos pedem?
Sim! Os pobres normais! Não os animais!
Vou sair! Vou partir daqui inteiro.
Queres vender o teu corpo! E tens dinheiro! És feliz?
Ouço vozes! Há um corpo que me barra
Coloca-me no fim da fila! E deixa-me fugir!
Vivo interrogações que coloco em arame farpado
De verdade pinto o mundo. O crime é uma sombra do meu passado
E por entre as ruas que percorro. Grito por fim!
Sou pertence de alguém? Não!
Estou só? Sim!
E sem dinheiro? Claro!
E um homem que passa ao longe com cara de louco
Olha para mim e faz-me tremer
Sem para ele eu olhar!
Parto de uma maneira original
Ele quer-se saciar e eu? Sou quem ele quer comer!
Fujo! E continuo a correr
Não existe uma saída se não existir uma entrada
E por entre a oliveira que deixo para traz.
Chego por fim ao pinheiro
Procuro salsa e alecrim
Ervas e folhas que guardo só para mim.
Estou sem palavras e acabo o texto que amarroto.
È só para mim! Já o mereço
E neste texto que não revejo
Coloco um fim.
Fim
@BomNorte2010
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