O problema que já não é teu!



No quarto vazio que abandono
Mesas vazias. Por não ter companhia
Casa deserta que deixo sem saber
Sei o que sei e penso o que tenho pensar
Caminho pela rua. Calçada que piso e alinhamento que reparo
Brisa que alisa a minha cara, sopro que me desperta
O luar ilumina os meus passos e a lua está dividida em duas partes iguais
Passeio ao sabor de um compasso que roda sem círculos sem fim
Tanto ando depressa como ando em passo
Estou sem pressa. Não tenho tempo de reparar no tempo
Sei o que digo e sinto o que faço
Guardo dentro de um dos meus bolsos um presente que comprei
Outro homem comigo se cruzou e nem em mim notou
Que embaraço que ele em me provocou
Se houver um dia em que a solidão me abandone
O mundo para mim nasce e ilumina o meu coração
Falo assim porque já tenho uma ferida dentro de mim
Acendo um fósforo e reparo que a chama que me dá calor e ilumina
Não se esconde de mim e não é uma fronteira
Sinto luz, sinto calor.
Luz que saí de dentro de mim Que me abraça e me aquece
É triste ser um homem só . E não ter ninguém ao pé de mim
Um táxi pára junto a mim.
A porta abre-se. Sai alguém que repara em mim?
Olá boa noite! Comprimento
Sorrio e sem obter resposta
Reparo que ela se vai embora
E conforme chegou assim parte a mulher
Tão rápido é a sua partida que a minha chama apaga
E ao fim da rua desaparece sem nunca um sorriso distribuir
Existe uma luz da tempestade que sopra e respira verdade
Abraço que desejo e que não me dão
Chove. O tempo mudou de caminho
Vai-te embora! Não é a tua deixa agora!
Pois o teu mundo é diferente do meu.
Vagueio outra vez e passo pela chuva que caí
Desvio as gotas doo seu trajecto
O candeeiro ilumina a estrada e da sua luz parte
Um raio que não alcança e na vida balança
O mundo que está triste e só
E tão longe é o teu destino
Que partes e na margem do teu caminho
Partes e encurtas a distância.
Abandonas a cidade rumas á eternidade
Procuras a confiança
Que um homem te disse que existia
Num local que não te recordas com exactidão
Acordas.
Se houver uma salvação que a encontres
E que a mandes para mim
Já não tenho a quem pedir!
Profundo é o desejo que guardo como um tesouro
Uma a uma é as folhas que escrevo e desfolho
Palavras essas que eu leio só para mim
A noite torna-se clara
E sem te perderes descobres as pegadas que te levam
Ao local que sonhavas e que tanto ambicionavas
Ao longe reparas na montanha. Que o pintor pintou
E que viste pendurada na casa de alguém que um dia amas-te
E que deixas-te porque encontras-te um defeito
Vive a tua vida por a felicidade te é devida
Sé feliz e ama sem arranjares defeitos
Planta flores e semeia amores-perfeitos
Porque amanhã pode não chover mais!
Um homem abandona e por vezes destrona
E por vezes não tem noção do que faz
E por isso não é capaz
De parar o seu puder
E estraga mais do quer
E pelas luzes que se apagam
O céu que escurece e o gato que se torna pardo
O vento sopra e o pó levanta
E a coragem transforma a vontade em viagem
E desencontros em encontros
Tempo que esquece o tempo
Mesas com cadeiras vazias
Jogadores que procuram parceiros
Cegos que esbarram em candeeiros
E sombras que escondem segredos
O poeta começa a obra e num dia a termina
Sem prosa e sem rima.

@BomNorte2010

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