Os tempos agora são outros mas a solidão é maior
Deixai-me chorar sozinho
Pois sinto essa necessidade
Sou um homem sozinho
Sou um homem casado.
Como é possível viver num deserto
No meio desta cidade inteira
Quero abandonar esta vida
Que está cheia de gente.
Estou classificado para a final
E quero ser o primeiro
Estou de um lado e para o outro lado quero passar
Ligo o mp3 e coloco os auriculares nos ouvidos
Estou sentado ao canto
Fico isolado e corto a minha ligação com o mundo
A tecnologia é o meu aliado.
É essa a sua obrigatoriedade
Pelo menos foi essa a sua concepção
Criar seres para a brutalidade
Dar a nós a imortalidade
Somos todos uns seres isolados
Habitantes desta cidade
Aguardamos que alguém nos liberte
Que simplesmente nos desperte
Para a existência das redes sociais
Facebook e outras mais
Umas são redes complicadas
Outras simplesmente banais
Redes de namoricos que nunca se encontram mais.
Pessoas que morrem nos hospitais
Quando desfolho o meu álbum de fotografias
É quando sinto uma grande tristeza
Tristeza que me provoca uma emoção
Máquina do tempo na qual penso entrar
Luta contra o tempo que espero enfrentar
Estou caído no chão e espero me levantar.
Recuo no passado que entretanto inicio
Contagem decrescente inicializada
Repetição da música vezes sem conta rodada
Avanço e retrocesso sem parar
Perante tanta repetição
Chego a uma mera conclusão.
Recordar a minha infância
Recebo imagens temporais
Que me criam ilusões
Transtornos faciais.
São só simplesmente saudades
Que me sugerem imagens dos jogos ao pião.
Sinto nos auriculares os mais belos barulhos matinais
O ladrar dos animais, o brincar das crianças
Revejo jardins com árvores alinhadas
Vergadas ao vento e com as folhas verdejantes
Passado longínquo num tempo distante
Terra regada que não seca
Afecto por capilaridade
Chilrear dos pardais que criam novos casais.
Dias com pouco calor
Dias com calor a mais
Mocidade perdida
Infância que não volta mais
Quadro do menino que chora
Lágrima que escorre pelo seu rosto
Quadro que releva mau gosto
Quadro que me irrita e me complica
Singular e Plural
Canas e Canaviais.
Recordo com tristeza a infância
Que me tornou e transformou num ser triste
Das rixas e das diabruras que o tempo me provocou
Dos amigos que me levou e feridas que sarou.
Recordo molas espetadas em cordas nos estendais
Que prendem meias a mais
Roupa lavada à mão
Sabão azul e branco e lixívia que desinfecta e branqueia
Roupa lavada em colmeia
Já deixei o que não devia deixar
Murro dado na traqueia que sufoca.
Marcas de tatuagem numa criança chorosa
Tristeza que dura uma vida inteira
Numa infância normal e até por vezes banal
Que mal é que eu fiz?
Chora ao canto o petiz.
Existem sempre os chefes
Os índios que sacam os escalpes
As meninas que desencadeiam brigas
E campos onde se colhem as espigas
Por vezes o dia começava bem cedo
Com a saída dos pais para o emprego
Os irmãos mais velhos mandavam
E os mais novos simplesmente choravam
Vamos jogar à bola
Quem joga?
Gritava um rapaz aos quatro ventos
Delimitava-se o campo
Nomeava-se o árbitro para controlar o tempo
Moeda ao ar!
De que lado irei jogar
Partido que votei e que nunca mais irei votar
Estou mal disposto
Vomitei ou quero somente vomitar
E quando a noite chegava e o sol se escondia
Os pais regressavam a casa
Cansados e já fartos dos filhos
Passavam-lhes as mãos no pêlo
Puxavam as orelhas e o cabelo
E ao cair da noite na rua
Perante tanta exaustão
Dormiam meninas num quarto
E os outros dormiam no chão
E eu sou um gato assanhado
Que foge pela cidade inteira
Levo murros.Levo castigos.
Estou triste
E a tristeza é um facto!
Por isso
Deixai-me chorar sozinho!
Pois sinto essa necessidade
Esta é simplesmente a verdade
@BomNorte2010
Pois sinto essa necessidade
Sou um homem sozinho
Sou um homem casado.
Como é possível viver num deserto
No meio desta cidade inteira
Quero abandonar esta vida
Que está cheia de gente.
Estou classificado para a final
E quero ser o primeiro
Estou de um lado e para o outro lado quero passar
Ligo o mp3 e coloco os auriculares nos ouvidos
Estou sentado ao canto
Fico isolado e corto a minha ligação com o mundo
A tecnologia é o meu aliado.
É essa a sua obrigatoriedade
Pelo menos foi essa a sua concepção
Criar seres para a brutalidade
Dar a nós a imortalidade
Somos todos uns seres isolados
Habitantes desta cidade
Aguardamos que alguém nos liberte
Que simplesmente nos desperte
Para a existência das redes sociais
Facebook e outras mais
Umas são redes complicadas
Outras simplesmente banais
Redes de namoricos que nunca se encontram mais.
Pessoas que morrem nos hospitais
Quando desfolho o meu álbum de fotografias
É quando sinto uma grande tristeza
Tristeza que me provoca uma emoção
Máquina do tempo na qual penso entrar
Luta contra o tempo que espero enfrentar
Estou caído no chão e espero me levantar.
Recuo no passado que entretanto inicio
Contagem decrescente inicializada
Repetição da música vezes sem conta rodada
Avanço e retrocesso sem parar
Perante tanta repetição
Chego a uma mera conclusão.
Recordar a minha infância
Recebo imagens temporais
Que me criam ilusões
Transtornos faciais.
São só simplesmente saudades
Que me sugerem imagens dos jogos ao pião.
Sinto nos auriculares os mais belos barulhos matinais
O ladrar dos animais, o brincar das crianças
Revejo jardins com árvores alinhadas
Vergadas ao vento e com as folhas verdejantes
Passado longínquo num tempo distante
Terra regada que não seca
Afecto por capilaridade
Chilrear dos pardais que criam novos casais.
Dias com pouco calor
Dias com calor a mais
Mocidade perdida
Infância que não volta mais
Quadro do menino que chora
Lágrima que escorre pelo seu rosto
Quadro que releva mau gosto
Quadro que me irrita e me complica
Singular e Plural
Canas e Canaviais.
Recordo com tristeza a infância
Que me tornou e transformou num ser triste
Das rixas e das diabruras que o tempo me provocou
Dos amigos que me levou e feridas que sarou.
Recordo molas espetadas em cordas nos estendais
Que prendem meias a mais
Roupa lavada à mão
Sabão azul e branco e lixívia que desinfecta e branqueia
Roupa lavada em colmeia
Já deixei o que não devia deixar
Murro dado na traqueia que sufoca.
Marcas de tatuagem numa criança chorosa
Tristeza que dura uma vida inteira
Numa infância normal e até por vezes banal
Que mal é que eu fiz?
Chora ao canto o petiz.
Existem sempre os chefes
Os índios que sacam os escalpes
As meninas que desencadeiam brigas
E campos onde se colhem as espigas
Por vezes o dia começava bem cedo
Com a saída dos pais para o emprego
Os irmãos mais velhos mandavam
E os mais novos simplesmente choravam
Vamos jogar à bola
Quem joga?
Gritava um rapaz aos quatro ventos
Delimitava-se o campo
Nomeava-se o árbitro para controlar o tempo
Moeda ao ar!
De que lado irei jogar
Partido que votei e que nunca mais irei votar
Estou mal disposto
Vomitei ou quero somente vomitar
E quando a noite chegava e o sol se escondia
Os pais regressavam a casa
Cansados e já fartos dos filhos
Passavam-lhes as mãos no pêlo
Puxavam as orelhas e o cabelo
E ao cair da noite na rua
Perante tanta exaustão
Dormiam meninas num quarto
E os outros dormiam no chão
E eu sou um gato assanhado
Que foge pela cidade inteira
Levo murros.Levo castigos.
Estou triste
E a tristeza é um facto!
Por isso
Deixai-me chorar sozinho!
Pois sinto essa necessidade
Esta é simplesmente a verdade
@BomNorte2010
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