Pensava eu que era um tesouro.
Mas não sou. Sou somente uma pedra.
E por vezes até uma sombra. Que se confunde com uma luz.
Sombra que me guarda e me protege do sol que queima.
Braço que me encosta e me protege.
Sinto que por vezes me consideras um pendente. Um brinco sem par.
Homem com quem brincas e não respeitas.
Alfinete de dama com quem te divertes na cama.
Prazer fingido que me engana e me trama.
Pensava que eras uma dama, que me ama e precisa de mim.
Tento fugir da tua voz que me assombra.
Parto o espelho que reflecte a tua imagem distorcida.
És apenas uma mulher que provoca briga.
Falas muito. Mas não vou em cantigas.
Cabelo que escovas.
Rolos aos quais o enrolas, voltas e mais voltas, e que não enrola.
Pó que me lanças e com o qual me tentas cativar.
Telemóvel que vibra e toque que silencias.
Corro as estradas que me levam e me guiam na tua direcção.
Sigo sinais. Muitos dos quais até são iguais.
Sinais de proibição, sinais de perigo.
Estou tão escondido que nem me consigo encontrar.
Sou um perdido, um reverente. Sou diferente.
Um pretendido que tem tanto para dar…
Se quiseres que eu te guarde e que te proteja,
Basta que me abraces e que me peças, somente a mim.
Esse teu rosto que trago no fio ao peito,
Sombra que escurece o sol de verão,
Varão a que me agarro e que me suporta.
Amanhã é o dia em que volto,
Lavas o chão, para me receber.
Choro na escada, penso no reencontro,
Oposição encontro e, amor perdido que não compreende.
Não desisto de ti e não procuro mais ninguém.
Ainda sei de cor o teu número,
Marco-o, mas as minhas mãos tremem.
Temo a voz. E a conversa que planeio teima em não iniciar.
Dia de revolta! Em que me dispensa. E nas pernas em que me apoio, parto a correr.
Arame que salto o alicate o corta,
Vou a correr vou a andar,
Tenho um comboio à espera.
E quem espera desespera
Trago o saco trago a mochila,
Parto, não tenho ninguém que me detenha.
Só me resta a tua foto, para que o teu rosto possa recordar.
Rosto que me persegue…
Trôpego caio. Cobardes, não me ajudam!
Faço juras de revolta!
Caio na armadilha e viajante me torno.
Será que vendeste as minhas coisas e te esqueceste de mim?
Tenho feridas para contar. Quando caio abraço alguém.
Alguém que não tinha para onde fugir.
Olho e sinto um arrepio…
Um rosto que me agrada e do qual me torno escravo.
Digo para outro homem que passa e em mim repara:
“Não a quero perder”.
“Então sabe o que tem a fazer!
Seja um homem e não a deixe fugir,
Não faça como os outros que andam a dormir”.
Eu sou o homem que a não quer perder!
Sou um sonhador que trata os outros bem demais.
E amanhã é o dia em que me apresentas os teus pais.
Há fadas que me falam mas, também há bruxas que me enganam !
Sou um gafanhoto bem-disposto,
Salto e não volto mais. Nem no escuro nem no luar.
Não fiques triste eu parto mas virei um dia!
Talvez no dia em que o mundo acabar…
Vou saltando, vou subindo,
Vou conhecendo o mundo e sinto que estou bem.
Por isso, não quero que sejas assim.
Dá um salto e vem também,
De Lisboa ao Porto
(Cidades que escolho para me esconder).
Pé ante pé entro na cidade,
Sem ter necessidade, entro e olho à volta,
Penso na fama que me chama.
Já cá estou! Já cheguei!
Sou um Rei!
Estou cá. Sou alguém entre os meus que me escondem.
Onde estou? Estou a aprender!
Estou entre o muro que divide a sabedoria da razão,
Estou longe da realidade. Sinto que tenho necessidade…
Pergunto a quem me queira ouvir:
“Conheces alguém que me ofereça um Reino?”
Sinto-me um Rei! Que quer reinar! E tem sede de Amar.
Mas que não tem rainha para o ajudar… a Amar.
Fujo do trigo e sonho contigo…
E fico, por aqui, à espera…
@BomNorte2010
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