O Tempo pergunta ao tempo quanto tempo o tempo tem?
E o tempo responde ao tempo com uma resposta que lhe convêm.
Não chores mais. O tempo por vezes serve de barreira. Bandeira que oscila no cimo da colina.
Sal marinho que o mar oferece. O tempo não tem culpa dos males que ele carrega.
Não do vinho que azeda na adega. As nuvens carregam-se no mar. E a solidão que eu sinto, incerteza de um tempo nublado. Será que chove? Como está o tempo?
Queria tanto perguntar ao tempo. Mas o tempo para mim é escasso. Barreiras que ultrapasso.
Desvio os cortinados da vida e percorro todos os cantos da janela. Procuro uma frecha que sirva de flecha para eu poder voar. Quero encantar o mundo. Atraso o relógio. Rio-me e passo-me.
Ligo a rádio e sintonizo uma emissão que me entristeça o coração. Musica Jazz. Sim! Parece fixe. Tem classe. Não choro, mas não tenho culpa de um clima de tensão, que circula à minha volta despertando-me a atenção.
Levanto-me mais uma vez e reparo que a noite está escura. Quero sair para dentro dela. Encho os pulmões e abro a janela. Respiro liberdade. As minhas narinas são o filtro da minha alma.
O meu sentimento está negro. Desço as escadas, e por entre apalpadelas consigo transpor a porta.
Rua torta e íngreme que não esquece. Curva que acentua os contornos.
Na rua vão os corvos. No ar voa os cães. Há!Ha! Que confusão. Rio-me e chapinho na água que está escuro como vinho.
Sonho de uma água pura que se turba e se encarde.
Atravesso na passadeira e tropeço na mangueira que serpenteia pela estrada, que está brilhante e com a cara lavada.
Interrogação? Porque será que só lavam a estrada quando chove?
Na casa ao lado o bebé chora e a mãe não dorme. E o homem dela?
Está perdido no álcool. Bêbado como nem um cacho de uva Morangueira que se esmaga e mancha a cama.
Canção que ouço ao longe. Entro na casa e afundo-me num mar de pecado,
Fico ausente e sem tempo de questionar o tempo.
Se o vento de barlavento é o outro lado do tempo?
@BomNorte2010
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