O piano troca de posição e o pano desenrola-se e esvoaça na minha direcção
São águas de um rio que chora.
È um amor por dedicação. A arte por adoração. Quarteto? Quinteto?
Não interessa a composição. São sons que choram e nos sussurram aos ouvidos as palavras do amor.
A plateia dormita sobre os sons. E os namorados dão as mãos, o artista entra em cena. E martela as teclas do piano com amor e felicidade.
A artista faz gemer as cordas da sua guitarra, e fecha os olhos em meditação, são sons que lhe caiem da alma.
Improviso do tempo. Sons diferentes. Acordes matinais. Que nos fazem reflectir.
Melodias que deliciam o mais comum dos mortais. Sons que nos fazem suspirar.
Rios de notas que escorrem sobre a pauta. Percussões de um tempo que chora.
Sopros de uma estação. Artistas que compõem por paixão.
As tábuas dos soalhos enchem-se de gotas de orvalho.
São suores de alegria. Suores que secam ao vento.
Perfeito sussurro de um Deus que atravessa os sentidos. Não chora mas faz-nos sentir culpados. Por não sermos sempre iguais.
Distribuídos pela parede estão os últimos seres torturados.
Corações apaixonados. Homens sem idade. Que brincam com a verdade.
As mulheres sonham com a suposição. São candeeiros que iluminam o salão e pouco mais.
O Amor ganha um cheiro próprio por entre os acordes harmoniosos.
Não mintas. A culpa não é só tua. Mensagem que o som quer fazer passar.
No meio de tanta pureza. Sinto por vezes a esperteza de o som querer acompanhar.
E memorizo a melodia. Gravo todos os compassos.
Decoro todos os tempos. E finto os músicos que me ignoram.
Acaba o espectáculo. Mas o Amor fica no ar.
Só cá resta os instrumentos.
Os músicos?
Foram descansar. Dormem sobre as estrelas que os fazem sonhar.
@BomNorte2010
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