Por entre o batimento das ondas que se torna lamento e se elevam no mar, tento saudar o sol. Sol esse sem malícia que me alicia e me faz sentir um Rafael com olhos de veludo.
Sem sono e sem prenome próprio. Sou um nome que não se eleva nem enerva o Diabo.
Sou uma cor branca num fundo azul. Um barco a remos desgovernado que é constantemente torturado. Mar de veludo que me embale e me acaricia.
Não me digas que me vistes! Porque estou ancorado num mar salgado.
Não meço as distâncias, nem lhe dou valor. Sou um tolo num banho de lodo.
Todos os dias aqui estou. E tu nem sabes porquê? Talvez sejam velhos hábitos que me façam gostar de prosas.
O meu corpo sacode-se delirante, sou alguém que dança num jardim de algas e que olha para o céu.
Enovelo-me e enrolo-me e desenrolo-me.
Estou enamorado. E neste mar sou apadrinhado. Tenho a companhia de uma lancha e de um bote.
Sacudo a água do capote. Olho o farol e vejo a miragem que se confunde com a outra margem.
Estou enamorado, e estou empenhado em conhecer todas as coisas.
Fustigado por um mar forte que me bate no rabo e me acorda e desenrola-se vezes sem conta.
Dá-me o braço e dança na sua crista, dá-me conselhos e ensina-me pistas.
Deixa-me cilindrado e leva-me até ao outro lado.
Sou um ser frágil e lentamente atravesso o largo braço, e nem sei o que faço.
E canto. E sou um orador e um simples cantor que canta uma canção de amor.
Sinto-me uma estrutura esquartejada e ultrajada. Carne branca que não encanta.
E continuo o balanço. Balançando num mar de espuma que não me explica a razão da mudança de estação.
Pelas tristezas e os encores. Tento alcançar a cavidade angular do rochedo que deslumbro no horizonte
Olho para o céu mas não deixo cair o véu. Sou uma pessoa falsa sem alguma importância.
Um sentimento um bem-estar. Que vê beleza em todas as coisas.
Dança tribal que combate as miragens.
Espera e vé?
Sou um barco que te embala e fala a tua língua.
Um trilho no oceano de uma lembrança ténue da tempestade que amainou.
O sol espreita do lado direito da margem. As flores lançam o seu odor.
E eu continuo enamorado,embalado pelo oceano. Sou um barco continuamente ancorado.Fixo a um ferro, naufragado, com os olhos vidrados, sem paciência. E por entre as nuvens vejo a passagem. E canto ao céu.
Sou enamorado vivo envergonhado. Um simples cantor que canta para ti. E fala a tua língua.
@BomNorte2010
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