Sentei-me no chão e esvaziei o meu pensamento.
Estou amuado.
Riacho de tristeza que escorre em direcção ao chão
Tristeza essa que desaparece por entre os sulcos dos paralelos de calcário.
Choro baixinho.
Choro porque estou triste.
As nuvens acompanham-me na minha tristeza.
Tingindo-se de cor negra, os flocos de algodão contornam a minha árvore
A mesma arvore que range os seus ramos.
Talvez clamando por atenção?
Talvez sofrendo os tormentos da idade. Ramagem despida.
Pouco a pouco a cidade transforma a sua beleza
E é castigada por vozes que provêm dos trovões
Os seus rugidos castigam os meus tímpanos
Deixando-os inchados e doridos
Será que os trovões têm coragem para me desmentir?
O meu sofrimento irá correr o mundo.
A luz percorre a Terra avisando tudo e todos da minha tristeza
Morro em silêncio mas feliz!
Morro de solidão. Morto pela indiferença dos meus pais.
Abutres que me cercam. Animais que me deixam estático
E num abrir e fechar de olhos. A realidade começa a desfolhar o seu livro
Estou a crescer. Já sou adulto
Boa e agora?
Quero um automóvel. Uma mesada
Eu. Sem os pais não sou nada.
Quem sou eu?
E o que faço aqui?
Agarro no papel da sorte que me saiu no bolinho chinês
Amarroto-o e faço uma bolinha redondinha
Bola que me custa mastigar. Mas como sou um homem mastigo-o a custo
Engolindo a minha sorte de uma vez
Iack. Que gosto que a vida tem!.
Faço uma careta horrível ao vento.
O vento afasta-se também assustado.
Silvo do vento do Norte que corta o ar. como uma bala
Encanto poético. Fantasia de adolescente.
Indiferente à sociedade. Faz birra e luta contra a verdade.
Fita adesiva que se enrola e esconde a sua ponta
Vive na ponta da vida, balanço que teima a oscilar
Mas sabe que um dia será homem
E que um dia regressará.
E talvez nessa altura
A ilusão da vida se transforme em realidade.
@BomNorte2010
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