A canção tribal que me inquieta.
O som desperta-me para a vida.
As vozes misturam-se com o vento.
As aves migratórias despedem-se e voam em bandos
E partem. Voam para várias trajectórias
Os rios orgulham-se da sua água cristalina.
E empurram para fora delas os peixes que sobem a corrente
O verdejante pasto serve de manjar aos animais da pradaria.
O falcão cruza os ares.
E liberta-se do céu inteiro
As plantas apontam as suas folhas na minha direcção.
O pigmento da estação. Liberta a magia da cor.
A chuva cai por entre os matagais. Que servem de abrigo aos animais de pequeno porte.
Os guerreiros afiam as suas lanças. E começam a dança tribal.
Dançam bem? Dançam mal?
Sacrificam animais que oferecem ao Deus da Terra.
As montanhas elevam-se e o vulcão interrompe a celebração
O cheiro a enxofre. Barre a planície e instala-se na minha pele
Pele que repele as gotas de suor que bailam por entre os guerreiros.
As flautas interrompem os gritos.
As moças casadoiras enfeitam-se
Os galantes rapazes mostram do que são capazes.
O feiticeiro Iackanike prepara a poção da absorção.
Os cães lutam e tentam conquistar a cadela que se mostra desinteressada
O guerreiro vencido. Oferece resistência. Não está convencido.
As tatuagens são executadas nos braços jovens.
O chefe lança baforadas de fumo, e admira a sua tribo.
Os anciões dormitam ao lado dos pavões.
A fogueira serve de barreira ao fogo.
E o fumo eleva-se no ar. As nuvens bailam de mãos dadas.
Iackanike retira-se e a magia desaparece.
A tribo abandona o lugar e dá lugar à selva de betão
As tatuagens são industriais. Fruto de máquinas infernais
As moças já não o são. E os automóveis invadem a festa.
Hoje é Quarta e depois de amanhã é Sexta.
A fogueira agora é imensa e combatida por homens com forças desiguais.
Iackanike já não existe mas o sonho persiste.
@BomNorte2010
Uma oferta para Lisa Reis inspirado na musica do seu video "Lançamento do livro de Dina Ventura"
http://www.youtube.com/watch?v=su-voerr6-M
Comentários