Cruza o Jardim sedento e bebe água na fonte.
O jardim estava deserto.
Cruzo o jardim rumo a lugar incerto.
Estava longe! Longe de o encontrar.
Sentado e distante da realidade.
Tem vergonha da verdade.
Oculta-se na bruma de uma crua saudade
Vende a alma. Vende o destino.
Já foi pobre. Já foi fino!
Ninguém está por perto. E eu tento passar oculto.
Astuto ser que me barra a discrição
Olá! Não quer comprar a minha Alma?
Tenho produtos para a barba. Tenho carteiras para o passe. Gel e sabonete.
Corre-lhe nas veias sangue que já fora de aço.
Agora está diluído pelas lágrimas que escorrem pelo seu corpo fora
A sua pele que outrora fora doce. Agora sabe a fel
Olhos cansados e corpo torturado pelo frio.
È um corpo que chora. Sente-se um rafeiro de pélo branco
Baço e com cheiro nauseabundo
Vive ao relento e luta pelo seu sustento.
Luz da luz que me fere com a verdade
Carrega as necessidades de uma existência. Luta pela sua exigência.
Os lírios escondem a sua mentira. E as Amoreiras que embalam o vento
A água corre no riacho e a nascente é o chafariz.
Fonte onde lava a sujidade que serve de base à sua vaidade.
Compre algo! Preciso de comer.
Luz da venda, que me esconde o rosto maldosamente convertido em mendigo
Os nossos pensamentos vagueiam pelos caminhos fora
Corpo velho que se encontra despido de ilusões.
Sentado no jardim com um ar entontecido e sonâmbulo.
Misto de médico e paciente. Cidadão desobediente
Sábio que vive num lugar imaginado. Ratoeira do espírito que o faz sonhar
Sonha rumo á negação de um corpo que já não o sente
Mal o compreendo no seu mau Português.
Mas a visão é eloquente
A minha tristeza calcorreou anos de tristeza pelo seu sofrimento.
Compro-lhe uma carteira para o passe
Dou-lhe uma moeda sem troco. Pois o bem soube-me a pouco
Acelero o passo. A luz do meu acto ilumina o meu caminho
Fujo de uma tristeza que me deixa o coração ferido
Tento fugir de uma visão que me arrasta para a solidão da minha casa
E pelos braços que me abraçam, e vozes que me tentam confortar.
Verto lágrimas de tristeza e meto um fim neste texto.
Que me pede para acabar.
Fim.
Mas a tristeza permanece no banco do jardim.
@BomNorte
Comentários
CHRISTINA