Olá.
Quer comprar?
Trouxe tudo o que tinha à mão.
Pois como é óbvio não tinha outra solução.
Escrava de sexo quer? Submissas e obedientes como cães de caça.
Genocídio de uma raça.
Água fresca quer? È lamacenta mas refresca. São lágrimas de crianças órfãs.
Vertidas de noite às escondidas. Com medo de serem descobertas.
Valas abertas. Valas fechadas. Completas. Sepulturas inacabadas.
Terra dos Fur.
Quer um brinquedo para o neto? Uma boneca com o rosto desfeito pela dor
Ou um osso humano para dar ao cão.
Pode ver. Eu não faço mal.
Tenho fome. E queria ir para Chad.
E como é quase Natal poderia me ajudar?
Tenho frio. Vivo mal.
Quer que eu lhe cante uma canção.
Um dia vivíamos aqui sete irmãos E os Janjaweed aniquilaram seis e abandonam o sétimo para contar a história.
Publicidade à sua vitória.
Vitória de um vergonha que perfura o coração.
Calço o 42. Não tem uns sapatos velhos que não queira. E possa dar?
Também gostou dessas molas da roupa! São bonitas e coloridas.
São rostos das viúvas. E as molas são os corações apertados das crianças que procuram os seus pais.
Ficam bem penduradas no estendal lá de casa.
Melhor que os corpos pendurados balouçando em ramos arqueados de árvores
A minha roupa agora é escassa o que é bom. Pois não temos traça para a maltratar. Somente temos a fome. E a tristeza.
Mas por fim tenho a certeza.
Da aniquilação do meu povo.
Povo que está esquecido e longe da lembrança do comum mortal.
Já mal consigo andar. Estou cansado de a história contar
As melhoras actualmente não são animadoras.
Se a terra tivesse riqueza? A avareza vinha ajudar.
Mas como somos terra infértil. Ficamos aqui a vaguear
Oferta de um sofrimento. Darfur terra de ninguém.
Mas porém terra de muita gente.
Agora poucas pessoas por cá domem bem.
E os que dormem bem?
Jamais acordaram do seu sonho.
O Sudão é um oponente à salvação.
E eu?
Um sobrevivente de uma nação.
Uma lembrança ao Darphur
B░O░M░░░N░O░R░T░E░
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