Dia de greve, dia de tentar remediar os erros do passado.
Passadas na calçada, mulher apressada que está atrasada.
E o povo impávido onde está?
Algures em retiro de pijama vestido lendo o jornal. Reflecte sobre o que está mal e beberica café e come mal.
Nobre povo corajoso, que luta numa consola e passeia um corpo que rebola membro de um gladio em que somos todos iguais.
Clandestino sem tino, que não se mostra, escondendo-se por trás de uma parede.
Rede de capoeira que lhe serve de barreira.
Caminha pelas ruas da cidade em paz e sem vontade, desconhece a verdade e olha com receio as esquinas da rua nua. As pedras que pisa servem-lhe de aviso, e o piquete que lhe lança olhares trágicos, são cidadãos mágicos que lhe recordam os dias de glória.
Ao fundo da avenida a rua ganha vida e o sino da capela vela por nós que pecamos e não podemos comungar.
Adesão que lhe dá razão e que lhe permite lutar. Numa luta diabólica, sofrimento deprimente de uns braços fracos, constantemente enfraquecidos pelo peso da balança.
Saudade do tio que está em França. Curvas e rectas de um sentido. Marcha invisível de um povo que não enche ruas. Nem bloqueia os sinais.
Tempo de um lugar para amar, e arco-íris de revolta que declara uma aliança que a minha vista não alcança.
Escrita que me irrita, e sinto que podia ter feito muito mais.
Paralisação dos trabalhadores que nos obriga a ligar os motores.
E circulamos numa rua em direcção a um destino trágico.
Abandono o lugar mágico, e procuro uma posição de avanço.
Reclamo e amo, e venço o tempo, e dou margem ao tempo para lhe dizer que são em covas que enterro a minha luta.
@BomNorte2010
Comentários
Sempre em busca de algo, do imprevisto, do desconhecido...Vagueias as ruas, captas os momentos, olhas as pessoas com olhos de quem as sente. Que procuras tu, nobre vagabundo desse Mundo?!?...