Guardei uma fita azul, gravada em letras douradas.
Ouvi dizer que dava sorte. E por isso aqui ficou.
A sorte nunca chegou. Mas fico com esperança dela um dia me encontrar.
Venho por um caminho que me abraça com a brisa que sopra do mar.
Ninguém sai da minha vida por acaso, e não é por acaso que se perdem sentimentos.
E não é o acaso que me faz tentar conhecer novas pessoas.
São as lágrimas e as tristezas que voltam mais fortes. Que me despertam os sentidos.
Me fazem bater às portas. Quem é?
Sou um batedor de portas!
As portas estão fechadas e não se querem abrir.
Para mim tanto faz. Abrir ou não abrir. Não fui um triunfante.
Sei que fico sempre no fim. Sempre serei um perdedor.
Proveniente de um lar sem luz. Sem tapete à porta, sem eira nem beira.
Com milhentas contas que me irão um dia tornar um salteador.
No fim de contas, a noite é o meu parceiro, o meu acordar.
Vivo em função da noite. Adoro a beleza pura da noite.
A chuva que caí, e a água que me barra o caminho.
Se durante o dia a minha vida é negra. Durante a noite ela ganha uma chama que lhe fornece luz
As maças do meu rosto têm um rosa de excitação. Por isso irei ficar acordado.
E olhar para a luz que nasce do alcatrão que se estende no chão.
Fecho os olhos e tento imaginar. O que seria de mim sem a noite?
Amanhã será um novo dia. O emprego está para aparecer.
E o dinheiro está simplesmente reduzido ao que hoje sobrar.
Nunca irei esquecer a noite em que paro o relógio, e tento adivinhar as horas que são.
È mais uma noite a sorrir, Que me faz viver. E chapinhar no chão. Olhar para cima e contemplar o céu.
Lanço para o céu o único nome que amei. E fico a chorar. Por perder o meu único amor.
São noites sem acordar. E dias a procurar a noite.
Dias que são o meu pavor. Sinto a dor de um desemprego. Um corpo que sente o frio da fome.
Tenho saudades de um jantar colocado sobre uma mesa.
Os meus olhos sorriem desta lembrança. São sorrisos de um perdedor.
Estou amuado e sentido com este mundo,
Mas neste mundo ainda marco a diferença, por mais nada ter a perder.
Tenho os pés marcados nas escadas da amargura.
Passeio da má fama que inauguro, e brindo ao meu insucesso.
Brinde que me fará recordar a cruz que eu carrego
Deixo tudo o que existe e procuro me proteger do frio que me enche de dor.
Mágoa que abre os braços para me receber.
Sou no fundo, uma reles estatística que quem governa acaba um dia por rasgar.
@BomNorte2010
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