Apetece-me chorar.
E vou verter Lágrimas de pó lançadas ao vento.
O pó desaparece, e forma-se poeira.
Poeira que faz lacrimejar, chorar cada vez mais.
Mas chorar não tem importância nenhuma, já nem me sinto capaz de me ver a sorrir.
Opto pelas lágrimas que são meras gotas grossas, ásperas, grosseiras.
São copos meios. Copos de vidro barato e ordinário, estampado, vidro que foi moldado, pelo sopro de alguém que já não sabe amar.
Passeio o meu corpo pela estação de Paris, balanceado ao som de uma intrigante melodia. Melodia interminável, que me torna aos olhos dos outros, uma figura detestável.
Diz-me o porquê desta vida tão triste?
Fraco é o meu começo, dialecto de gestos e sons sentidos
Eu venho de uma guerra, que se formou de uma rebelião de um povo, uma luta diferente.
A noite espera-me na minha janela. E nessa janela todos os seus vidros têm forma de prisma.
Prisma que me faz sonhar. Sonho inocente que me faz escolher uma frequência diferente
Mas além disso, ele é um eterno repetente.
Por mais que estude chumba sempre.
Parede ensombrada por projecções deficientes.
Árvores carentes, folhas persistentes
Filmo a cidade, sou vaidoso, oculto a identidade.
O chão é percorrido por mim ao milímetro, viagem que é minha. E guardo todas as suas recordações dentro de um frasco.
Frasco que contêm pessoas alegres, rostos congénere, e muitos mais.
Tenho brancos e negros. E ainda irmãos de diferentes pais.
Mas parto. Tenho que partir agarrado a alguém.
Será que dar as mãos a alguém é um sinal que algo de bom ai bem?
Ou será algo mais?
Dança de negros radiantes, que se portam como ignorantes.
As máquinas fotográficas encontram-se alinhadas, perfeita sedução de um desfile .
Fotografia focada, os paneis encontram-se calcados, penso em algo de vago e vagueio o meu olhar pelos meus dedos.
Simplicidade de olhar que me castiga. Estou triste estou sentido
O telefone toca uma melodia triste que me incomoda. Distrai o meu pensar,
O meu soluçar torna-se deprimente, e solta por fim uma lágrima de gente normal
Alguém à minha frente, promete dizer-me algo que me fará rir
E se possível oferecer-me o sal que me salga o coração
Será diferente amanhã o dia. E igual será o meu mundo.
Mas límpido sinto que ficou o meu olhar, que me afastou do mal, e me aproxima da razão.
São décadas de repetições, séculos com quilómetros de segredos guardados em envelopes sem estar endossados.
Fim de mundo que perdeu a razão. Mas eu tento convencer.
Perco a noção da realidade
E por fim aguardo o seu fim. Fim mágico.
Começo magica de um rio que nasce de uma serra, história encerrada. Fico feliz porque termina em bem
Tento viver uma vida em redor de um sentido.
Por isso tento não perder o pouco que tenho.
@BomNorte2010
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