Gostava tanto de vos contar uma história de Natal, mas. Os erros com que escrevo, impedem-me de tal.
São erros que decalco na minha vida, erros que me levam a errar.
Por isso neste Natal ostentarei no meu pulso, um presente indesejado.
Uma pulseira do equilíbrio que me mostra o desequilíbrio, são erros escondidos aos mais.
Vem tornar a minha esperança cautelosa, vida sem limites, num chorar que me assiste.
Grinalda com espinhos que me levam ao vento, busco as pombas e voo com elas.
Sou um senhor da representação, seios mirrados pela humilhação.
Rasgos da roupa que se renova constantemente. Sonho com a terra nova que me lava as entranhas.
Deixei no altar a minha representação, torno-me o rei da humilhação, a minha cena acaba de dia e começa apenas na noite. Escuro que me encobre e me transformo nas sombras que te ensombro.
Abafo os teus gritos, mordaças que se tornam pregos químicos no teu ser. Vives calada para sempre, cercada pela aparência, negação, farrapos em aço que te abraçam, e te escondem as nódoas com que te marco.
Humilho-te constantemente, sou a torcida de um candeeiro que ilumina o teu lado inexistente.
Gente distraída, que não entra a tua luta, e te oculta a culpa.
Gritos dos abusos que te ofereço, pele branca que se torna em brasa.
És o corpo que abraço e ao qual peço perdão. És o presépio incompleto que se apresenta incompleto.
Figura colada, escondida numa divisão entaipada.
Campos cheios de ervas embranquecidas, são cabelos arrancados e murros nos pulmões.
Os meus dedos ardem, e o vergão é presente que te ofereço, arrasto-te pelo espaço que desfaço.
Não chores. Não posso deixar-te chorar, mas deixo-te adormecida, num presépio exposta.
Vaca morta, e burro exposto que se passeia, ódio que se desvia do seu trajecto.
Haja justiça. Balança que se equilibra, suportada pelas mãos de corpos mortos.
Feliz Natal. Ou um Natal libertador.
E se quiseres parti? Parte. Pois o mundo não está para te ouvir.
@BomNorte2010
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