Quando eu era ainda jovem.
Julgava ser um general, general com imensas estrelas, muitas condecorações.
Comandava no meu imaginário um exército só com oficiais.
Pelotão reluzente de botas engraxadas, tão brilhantes que quase me ofuscavam. Todos os dias mudava de estratégia e todos os dias eu partia à conquista novos mundos.
Um dia? Quem sabe.
Hoje, sou um baralho que atrapalho, um joker sem valor. A 52 carta do baralho.
Repartidas, tantas vezes embaralhadas que voltam à posição inicial,
O crupiê, olha-me de lado. Então? È para hoje ou para amanhã?
O general de cinco estrelinhas já alterou três vezes a sua estratégia.
Os oficiais não se entendem. Todos querem mandar.
General lança as ordens. Acabou-se a guerra
Companhia destroçar!
Arruma as caricas que representam o seu exército de fantasia, fica amuado a um canto do seu quarto.
Estou com uma neura. Só me apetece é gritar. Vou escrever o que sinto, mas logo agora que estou sem motivação
Pego num papel e começo a escrevinhar, as letras fluem mas não compõem nenhuma palavra.
Pouco a pouco começo a compreender o meu problema
O mundo não me espera. Nem aguarda a minha salvação
Ele cria a sua regulamentação, e eu obedeço.
Será que estou prestes a encontrar a resposta?
Deixo cair o lápis e amarroto o papel onde tentei escrevinhar
Olho lá para fora. O tempo mudou de repente,
Chove incessantemente, e assustado com o barulho dos trovões parto a correr.
Parto em busca de algo, algo que nem sei o que é.
Vento traiçoeiro que me ouves. Junta-me à terra e junta-me ao mar.
Quero enfim contar ao céu, o segredo que desvendei
A folha espreita-me pressa à rede, eu tento ler o meu segredo ao céu.
Céu o meu segredo é?
Não sei. A folha voou, e agora não sei o que te queria dizer.
Então choro de aflição.
Choro, porque nunca disse ao céu o meu segredo, e choro sem ter ninguém para me ouvir.
È um choro de silêncio que leva tempo a secar. Muitas coisas mudam, mas o general continua a chorar.
@BomNorte2010
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