Em tempos muito antigo existia um arbusto com uma flor madrugadora, azevinhos com o qual eu adivinho, a cor do manto vermelho.
Frutos mortais, outrora oferecido como presente, sacrifício de um amor que eu não vejo
Vida que me fala e que eu ouço. O menino decora o seu leito, e eu sentado à beira do meu mar, imagino o seu olhar.
Noite que me traz ao pensamento a criança distraída, risos que me abrem as estradas por entre os campos de estevas.
Cheiro o azul do céu, mãe serena que levanta o véu, sorrindo para o caminheiro que a venera.
Não é Primavera. È perfume do rosmaninho.
A lua deixa-se iluminar, e confundo-a com uma estrela que me tenta guiar.
O cascalho em que me atrapalho, suja-me as botas que outrora novas, acalcanharam os fetos gelados.
Águas em que navegam os peixes, animais com brilho metálico que permanecem estáticos.
Estalactites rochosas que mais parecem tenazes que projectam imagens folgosas
Golpes de rins que lança a luz sobre o menino que vomita bondade em todo o seu esplendor
E os galos cantam solenemente a saudação com que o mundo o ameaça.
São as mordaças sem utilidade, que se desprendem de vaidade, e se torna realidade.
O menino que não se vê, mas que eu venero.
Imagino o azul dos olhos que o menino tem. E vejo-o de corpo inteiro. È um corpo que se atravessa na minha alegria.
Debruçado sobre o menino, encontra-se um corpo franzino. Alguém que o venera também.
São as artes da poesia. È a vida que me lança a fé, adoro a sagrada família que vive na minha fantasia.
São luvas rotas que me protegem as mãos. Saudade da humildade que outrora me ofereceu o ouro.
Venço a chama que me agoira a vida, triste sina de quem o Ama.
Dorme o menino sob as lágrimas que eu choro. São palavras que me caiem do pensamento.
As pedras tornam-se brilhantes candeias, brancura de uma rocha torta que eu carrego aos ombros.
As feiticeiras tocam tambores, esperam a hora das bruxas. Pobres mulheres tortas que parecem mortas.
Menino que eu amo, e me aquece o lume que me aqueceu. Tenho a fé dos homens, vivo por entre a cruz.
Cruz que me ensombra, e me oferece o tojo. Planta que eu queimo para me iluminar os olhos.
Ervas aos molhos, que carrego do Norte, corpo cansado que me deixa cair.
Quero o menino. Quero o povo que me oferece a fé.
Abandono o meu tesouro, e parto mesmo no fim. E procuro diversos versos.
O menino conta-me a história, e eu simplesmente a escrevo.
Sonho que me abre os olhos. E o conto torna-se um livro. Feliz o agoiro que me torna Santo.
@BomNorte2010
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