Eu sei, mas o suposto era eu saber o que irá acontecer
Mas também não era suposto eu sentir a crise.
As cruzes por vezes não se iluminam. E o caminho fica muito escuro
Tristeza de uma certeza.
São dentes partidos, que me provocam dores.
Pés doentes, de tanto andar descalço.
Calças cada vez mais largas, que eu ato com um baraço.
Bengala de um cego que bate no chão à procura de um piso sólido, piso firme que ofereça segurança.
Bigamia de uma solidão que vive de mãos dadas com ela própria
Alma devota que parte, e nunca mais volta.
Voltas e mais voltas que a vida dá.
Era até suposto as redes sociais servirem de diversão?
Ou até de procura de uma alma gémea. Para que possa viver em comunhão
Sim. Num período mais dramático da vida.
Mas, por vezes aparecem por cá vozes que nos oferecem uma consciência crítica.
Vozes mais fortes que revistas empilhadas.
Revistas cheias de diversão, com fotografias de epilépticos que procuram a salvação.
Meninas com poses sensuais. Mas que não passam de modelos anorécticos, suportadas por corpos esqueléticos
Pessoas mascaradas, escondendo caras torturadas.
Desfiguradas de feições. Contorcendo-se com convulsões
A noite hoje está convidativa, e o rosto oculto deixa cair a sua mascara.
Chegou a altura. Esta na hora de dizer basta.
As concertinas libertam sons que são meros ecos de sofrimento.
A minha voz tento afinar, coloco em posição vertical o meu ceptro, ceptro que me aufere um estatuto.
As minhas botas batem com violência no asfalto rendilhado, fendilhado, oposto da perfeição.
O pai Natal encontra-se assustado com o estado negro da nação.
Este ano não haverá presentes. Está decidido.
O pai Natal está doente. Não se quer ver vestido de vermelho.
Refugia-se entre as suas paredes, ao quente, de roupão vestido, termómetro na boca, está febril.
É altura para ele pensar no destino da nação,
Cá no Continente, o presidente toca viola, e a cidade desaparece nas cinzas.
É o que se passa. É a verdade da rua.
Umas palavras ocas em busca de uma melodia que lhe serve de companhia.
Sinto a falta do cheiro que se sente no final de um almoço.
Dos pratos sujos com restos de comida
Estou completamente farto e empanturrado com comida que se come com os dedos
Verto lágrimas sem cor que filtram os meus medos.
São imaginários verdadeiros, parte má da história.
@BomNorte2010
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