A mesa espera-me, simples, vazia e sentimentalmente pobre
Quatro bastões de plástico servem de apoio a um mísero tampo já gasto e queimado pelo sol.
Mesa que foge de tom, chora pelo anterior cliente, será saudades? Ou uma simples sedução?
Então mísera mesa! Conta-me tudo o que sentes. Confia em mim.
Nunca poderei esquecer os momentos de felicidade, mas no entanto sofro ingenuamente.
Mas, isso é o normal. Estás dentro da normalidade.
Serão estes os sentimentos de uma mesa, ou serão esses sentimentos os meus?
Tenho a lição estudada a preceito, mas na altura do exame fico com os lábios colados e as palavras ficam retidas dentro de mim
Mas se eu fechar os meus olhos na noite parto ao sabor do vento, sinto o teu odor e procuro juntar-me a ti.
Dispenso o acolhimento e prefiro me refugiar na minha solidão, a alegria de viver é sacrificada, parte de mim foge à realidade.
Louvo o meu esforço que faço por manter esta minha veia trágica, mas ela faz parte da minha realidade
São estas deturpações de memória que me atraiçoam
Deixei-me estar onde sou feliz, trucidado pelo comboio do Destino encontro ao fundo do túnel a dita luz
Vociferei com tremenda exactidão todo o sentimento que me trará a paz
Julgo que sim. Julgo que serei capaz
A mesa ira sucumbir ao meu abandono.
Deixarei resfriar os suculentos nacos de gordura celestial que me tornam um se obeso, e lento de imaginação, somente os meus olhos iram cobiçar o repasto por degustar.
Deito de lado o meu sotaque e parto para longe daqui. Decidirei qual o destino a seguir.
Uns ficam. Outros iram partilhar comigo o longo caminho.
Explicaria aqui os meus sentimentos, mas a dissertação ficaria em dezenas de páginas. Por isso coloco um stop no texto. Ficando assim por descobrir uma boa parte de mim
Parto, percorrendo as margens deste meu rio, admirando o brilho do seu clamoroso colorido.
@BomNorte2011
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