Sensibilização
Os meus olhos percorrem com extrema atenção todas as palavras impressas no papel do jornal de baixa gramagem,
As suas letras deixaram de existir, fico doente de tanto branco reflectido.
O sol joga um naipe muito alto e desisto do jogo, agora o que importa são as eleições
O destino da nação será disputada em múltiplos e repetidos duelos de lavagem da roupa suja. Na televisão o mediador procura afastar a realidade, impávido, ele olha para a lente da câmara que lhe oferece um novo mundo.
Mas será que ele tem ideia do que se passa do outro lado da lente?
O destino da nação será disputada em múltiplos e repetidos duelos de lavagem da roupa suja. Na televisão o mediador procura afastar a realidade, impávido, ele olha para a lente da câmara que lhe oferece um novo mundo.
Mas será que ele tem ideia do que se passa do outro lado da lente?
Sim, existe por lá gente.
Até sei que no prédio amarelo orientado a nascente, vive lá uma Mãe com o seu filho doente, pobre mãe que embala o filho incessantemente tentado baralhar a fome com a dor que o menino tem
No primeiro direito, ralha agora a vizinha. Não sei se sabem. Mas o marido perdeu a razão, e percorre as ruas da amargura, fase rosada, rugas que o sol realça, pobre e descalça. Ninguém tem ideia da fome que passa.
No quarto a poente encontra-se fechada a adolescente que está doente, e encobre-se na doença para esconder a possível gravidez, enganada, violada, com os olhos perdidos na revista que a guia, eterna será a Maria, e inútil a Tv Guia que já não a guia,
Na casa ao lado da amarela encontra-se uma luz da vela que ilumina um passado escuro
Lembra a dona Antónia que a fraca chama substitui a electricidade há muito desaparecida.
Somente a janela quebrada lhe traz a luz de um passado distante que resgatou o seu filho eterno emigrante, clandestino num país distante.
No exterior placares iluminados, milimetricamente alinhados, candidatos esboçam sorrisos, parecem estrelas e ouriços que planeiam estratégias, inúteis estrafegas que só jogam xadrez
Até sei que no prédio amarelo orientado a nascente, vive lá uma Mãe com o seu filho doente, pobre mãe que embala o filho incessantemente tentado baralhar a fome com a dor que o menino tem
No primeiro direito, ralha agora a vizinha. Não sei se sabem. Mas o marido perdeu a razão, e percorre as ruas da amargura, fase rosada, rugas que o sol realça, pobre e descalça. Ninguém tem ideia da fome que passa.
No quarto a poente encontra-se fechada a adolescente que está doente, e encobre-se na doença para esconder a possível gravidez, enganada, violada, com os olhos perdidos na revista que a guia, eterna será a Maria, e inútil a Tv Guia que já não a guia,
Na casa ao lado da amarela encontra-se uma luz da vela que ilumina um passado escuro
Lembra a dona Antónia que a fraca chama substitui a electricidade há muito desaparecida.
Somente a janela quebrada lhe traz a luz de um passado distante que resgatou o seu filho eterno emigrante, clandestino num país distante.
No exterior placares iluminados, milimetricamente alinhados, candidatos esboçam sorrisos, parecem estrelas e ouriços que planeiam estratégias, inúteis estrafegas que só jogam xadrez
Jogo combinado dando a conhecer em cada partida os erros que um dia o outro fez.
Fez de Marrocos? Não. Do verbo fazer.
Uns têm cara de não querer pagar, e outros têm cara de ficar a dever, enfim. Ficamos sem perceber
Muito boa noite senhores, eternos sonhadores, que fazem cada promessa que não lembra o diabo, resmunga Dona Antónia, cheia de sono, abandona a janela, vai-se lavar, e a seguir deitar.
E eu que farei depois de esta história escrever?
Atiro o jornal para o banco do lado e saio a correr.
Nem reparando que o mundo gira ao contrário.
O meu voto esta decidido e colocarei a minha cruz num local bem escondido.
Talvez assim o diabo fuja da Cruz e vá pregar para outro lado
Mas mesmo assim vai votar. Mesmo que seja sem prazer.
Bom Norte 11
Fez de Marrocos? Não. Do verbo fazer.
Uns têm cara de não querer pagar, e outros têm cara de ficar a dever, enfim. Ficamos sem perceber
Muito boa noite senhores, eternos sonhadores, que fazem cada promessa que não lembra o diabo, resmunga Dona Antónia, cheia de sono, abandona a janela, vai-se lavar, e a seguir deitar.
E eu que farei depois de esta história escrever?
Atiro o jornal para o banco do lado e saio a correr.
Nem reparando que o mundo gira ao contrário.
O meu voto esta decidido e colocarei a minha cruz num local bem escondido.
Talvez assim o diabo fuja da Cruz e vá pregar para outro lado
Mas mesmo assim vai votar. Mesmo que seja sem prazer.
Bom Norte 11
Comentários
Gostei deste texto "cívico", melhor, especialmente cívico, porque cívicos são todos os seus trabalhos.E isso faz toda a diferença!
O traste do meu jornal também está em branco, não sei se é luz a mais ou sombras profundas que não me deixam ler nada que me interesse particularmente ou genericamente.
No fim também atirarei com o jornal para um buraco comum, mas atiro, se Deus quiser.Fique bem até mais tarde!!!
Beijos
beijo