A minha casa é a casa mais bonita que existe no meu lugar.
Peço desculpa mas quem eu quero enganar?
A verdade é esta. A minha casa é a imagem de desprezo que entristece o meu olhar, degradação que mancha a minha era. A verdade nua e crua.
Tenho a minha infância marcada neste triste lugar.
Esta é a casa de minha mãe, casa que me deixa viva a lembrança, e os meus olhos verdes a lacrimejar.
Mas nem mesmo assim amo a casa do meu passado.
Deixo as janelas abertas para tentar receber o prazer que se espalha no ar.
A casa estrazanda um perfume próprio, abandono, mofo, odor que me faz dor de cabeça. As cortinas encontram-se enegrecidas pelo abandono que as presenteio, elas esvoaçam. Talvez à procura de um novo dono.
Vou continuar a olhar para a frente e a deixar o meu passado no seu lugar.
Lugar onde ele ficou, e num local onde eu nunca estou.
Ofereço a todos os meus vizinhos a fotografia do meu ruir, mas retiro-me da fotografia, não me quero incluir.
Vou procurar no sótão que eu penso ainda existir, as fotografias descoloridas de uma triste criança que lutou por existir
O vento acolhe-me com os seus braços abertos deixando salgado o meu olhar Solto as lágrimas em cascata, lágrimas que escorrem sem parar.
Cores que misturo, sensações diluídas, aguarelas simples que só servem para tingir roupa velha
São defesas que tento criar, imagens simples do meu olhar, ou simples teimosias que eu tento recriar fantasias.
Entristecido abandono o meu lar, coloco por baixo da minha porta uma carta que te condena.
Afasto-me, mas mesmo assim não consigo apagar da minha lembrança os teus gritos a suplicar, rendição que te leva a implodir.
São estes escombros que me fazem partir em busca de um novo lar, tentações que tento eu evitar.
E escondo da minha Mãe que a enganei. É o meu segredo.
@BomNorte2010
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