Aqueço a água para me aquecer, nada mais acrescento, nada tenho para comer.
Estou amargurado, pressinto que tudo tem um fim
Sei que estou livre, e que posso voar de ramo em ramo
Sou uma erva sem nome, planta não catalogada, sinto-me uma erva fechada num armário a secar,
Mentira. Sou livre. Um pássaro só. Tão só que vive em grupo, um lobo perdido numa alcateia de seres sujos e sem nome.
Tenho a roupa rasgada, mas? Tenho uma guitarra para tocar, e os pés descalços
Tens o pensamento a flutuar, o sonho eleva-te, noutro estado, faz-te ser crente.
Sou um errante que a vida trama, uma pessoa sem nome que a vida tramou, tens saudades de mim?
Abraça-me, que eu estou no meu lugar, imaginas a minha cara, sentes fascínio.
As latas que tenho ao meu lado, são as cadeiras que tenho para mim, as ruas tem cor de marfim, e a multidão encobre o ser que eu sou.
Choras? Tenho uma casa longe do mar, as paredes são duras rochas, e a chuva é a minha dor.
Adoro a vida, nada mais quero lembrar, assobio à tristeza, e rio-me do pouco que sou feliz.
De que vale isto tudo, se o amor está longe de mim, tenho o rosto escuro, cheiro mal e sou uma personagem triste.
Sou livre. Mas quero alguém ao pé de mim, sei que ninguém vive sem carinho, e por isso a liberdade está perto do seu fim.
Queres brincar às escondidas? Ninguém vai me encontrar, a vida é feita de loucuras, ando ao acaso, vejo o sol e tenho saudades do por do sol, e do frio que me faz gelar.
Não aguento mais a força que o pensamento exerce sobre mim, e quero-te junto a mim.
-Achas que esta carta irá seduzir a minha nobre donzela?
-De que vale escreveres isso tudo, se tu não queres sair daqui.
Estou prestes a enlouquecer, não sei o que fazer?
Tenho um dos mais tristes sorrisos que já viste
Somos eternos mendigos, e os mendigos ficam aqui.
Vai-te embora amigo. Vai, e fica longe de mim.
Procura a tua dama, se o amor te chama?
Ele abandona os degraus que desceu. E parte à procura do que acredita.
Vai para casa, sozinho, mas depressa perde-se na cidade que o abraça.
Vai Vizinho. Vai. Que estás no bom caminho.
Eu fico porque tenho medo de partir. Partes e eu não suplico.
Nem sei o que eu sou. Mas sinto-me um idiota. Deixo-me dominar pela saudade.
Fico deitado no rochedo, e fixo o voo de um pássaro que voa em redor de mim, choro tenho medo da solidão que me faz recordar. Sou um humano que precisa de amor. Fico a tocar a tua guitarra sem cordas, desafino do amor. que me faz soluçar.
Uma oferta para os vizinhos do caminho.
Bom Norte
Comentários
Tem tanta emoção por aqui.