Hoje apetece-me partilhar o mundo, o frio faz enrijar o corpo e fraco penetra num poço de lava em ebulição que me derrete a alma, que me aquece a razão.
Tremulas as mãos que se aquecem ao meu respirar. Vasculho ferozmente nos meus bolsos uma moeda, quero te soltar. Libertar a bondade aprisionada na cela 666.
Cela 666? Número da besta que veste roupa perfumada com o choro das pessoas que deixaram de amar.
Abram imediatamente a porta e coloquem o prisioneiro na rua,
Perdido, eleva o seu coração mais alto que os outros homens. Tem fome de fé,
Agitado, caminha trôpego, quer me conhecer, vasculha todos os cantos, cumprimenta os homens, beija as mulheres.
Olhos verdes que ganharam cor, infligida pelo azul do céu .
Triste ê a viúva que cobre o seu rosto pálido com um negro véu.
Cruel situação que me condenou por pecados que não eram meus
São tantos os olhos azuis aprisionados em celas iguais, que de tornaram castanhos por se verem privados do sol que me seduz.
Hoje apetece-me partilhar o mundo. Por isso vou roubar a luz ao dia, pedirei ajuda ao vento para soprar o seu calor para dentro das celas escuras onde presos estão de castigo.
Vou encher um barco com todos os condenados e tomarei o controlo do leme que os levará ao futuro, partir, oferecer mais uma oportunidade para sorrirem. Mas farei batota, alterarei a rota e abandonarei. o barco ao largo, deixando o amor a comandar o barco.
Não podem chamar a isso desistir. Mas não me sinto preparado para estas almas comandar.
O barco navegará ao sabor das marés,
Voltarei para junto do meu povo, é o combinado, foi este o meu compromisso.
Olá pessoas. Voltei a aparecer e por isso poderei bater à vossa porta.
-Cucu, cucu, cucu Sou eu que estou aqui fora. Abre a porta, pois o tempo está para chover.
Abres a porta e não vês ninguém.
Mas eu não sou uma ausência. Sou o destino, já entrei e mantenho o silêncio, mas amparo-te com os meus braços.
Sou eu. Sou mesmo assim.
Bom Norte
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