Estou preso. Mas sigo livremente o som das grilhetas dos meus camaradas presos.
Marcha que liberta sons, sigo-lhes o passo.
Som da caminhada que comparo a um Parafuso de Arquimedes.
O sofrimento é o combate à impaciência de um tempo que dura infinitamente.
O vento abandonou este espaço e deixa perdida as arvores que deixaram de abanar as suas ramagens.
Até a terra deixou partir as silvas!
Somente consigo contemplar centenas de cabeças encaixadas por entre as grades da minha clausura.
Sou um aborto da sociedade que morreu mas que não se enterra.
A borra do café serve de inspiração para criar arquipélagos onde afugento o medo.
Triângulo das Bermudas das minhas gravuras que afoga as minhas bravuras.
Orgia de corujas que me enche de nojo, hoje é a noite das bruxas enclausuradas.
Escolhidos e mordidos por vampiros que de tornaram prostitutas sem opção.
Bafo da combustão pelo excesso de rostos comprimidos na prisão.
E tão súbita a esperança que se dissipa na terra.
Escrever é o alimento do meu cérebro, fecho os olhos à injustiça dos homens, e tento acalmar homens em fúria, troco uma prosa por uma grossa que serve para libertar e retirar as mordaças de homens que vivem pensando no suicídio.
Pior que perder alguém, será perder a liberdade que a gente tem.
Tropeçar na vida, pagar como aprisionado não leva ao ninguém arrependimento
Existem pedras que o seu brilho seduz.
Mas também existe um Pinheiro cortado em forma da Cruz.
Vamos combater a injustiça! Quem alinha?
Bom Norte
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