Sou um cidadão à procura de algo que incinerei, queimei e desapareceu nas cinzas. Evaporou-se.
Chorar por alguém, ou simplesmente perder quem já não se tem.
Terras reviradas sofregamente, como algo quisessem encontrar.
Mas sei que não estou longe, mas não assim tão perto.
O céu nublado deu lugar ao cristalino azul. As gaivotas rasgam o céu e a viúva guardou na terceira gaveta a contar de cima o seu negro véu.
Tenho fome de algo, estou ferido por fora e morto por dentro, aprisionado a um passado que ninguém consegue reparar. Tenho o nó da gravata apertado por dois braços que me empurram contra a frágil parede de pladur.
Tenho sede, bebo as lágrimas que me escorrem pelo canto dos lábios, água salgada que não sabe a nada, penso que a eternidade acabou, junto o inicio ao fim.
Principio que nasce do fundo do mar, adivinho uma noite de compromisso, uma noite combinada, prevejo uma noite fria, muito longe do romantismo que sonho, flores de plástico embrulhadas num caule de arame e sorriso rasgado pelo sono que me pede por dormir.
As cinzas foram despejadas e oferecidas ao vento, amanhã será um dia em que me deitarei sozinho, optarei por chorar, as lágrimas lavaram a minha tristeza, nadarei numa ilusão acompanhado por tubarões sem alma, barbatana escorregadia que se torna difícil de agarrar.
Choro por uma alma que partiu e acendo uma luz pela esperança de a ter só para mim.
Fachada entaipada que me deixa por dentro morta, sou uma falésia que aponta na tua direcção. Um galo que se confunde com um pavão. Preciso de encanto, de suster a respiração, estou farto que me dêem milho à mão. Deixem-me em paz. Deixem-me sofrer.
Deixo marcado no asfalto pegadas de leão que tem medo da luz, refugia-se na sombra, penumbra do sofrimento que quero guardar dentro de mim.
E se alguém tiver anjos da guarda que não goste nem ame?
Que os lance para junto de mim.
Bom Norte
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