O Mirone
Anda. Desliza o rabo realçado num vestido travado
Aperta o soutien armado, dois colchetes disposto em concordância, apertados com elegância,
Macho ou fêmea como convém, mala ao ombro, estratégia estampada
Mala danada, imitação eternamente repetida. Louis Vuitton que o pobre tem.
Vestido Desigual, sapatos com salto que nem lembram ao diabo, esquerda direita, faz uma pausa,
Estás longe da tua meta, ambicionas pelas medidas que ninguém tem.
O telemóvel e o teu vicio, por mais jogos que jogues, escreves mensagens como ninguém
Palavras sem acentos, acentuação que nada vale
Os auscultadores que trazes nos ouvidos são os teus brincos invisíveis,
Já o leitor mp3 é a pochete que te fica bem.
Mosca morta, corpo do vício, o teu lema é perder, e o meu? Escrever.
Por mais telhados que eu suba, o teu corpo conheço já bem.
São tantas as telhas repetidas, passadeiras que caiem para o chão, beirados empenados, mastro que encima o telhado da minha bela vizinha.
Sou um corpo sem jeito que procura na escrita uma rima, lanço um olhar para a lua, e ela responde-me com desdém.
O meu olhar percorre o corpo dela, e olho envergonhado para o chão
Estou a pensar em ti. Estou no telhado mesmo ao teu lado.
Estás na rua. E eu? Mais próximo da lua, e às estrelas me confesso
As trapeiras alisam o meu cabelo. E a cidade está cada vez mais longe de mim
A rua oferece-se ao asfalto, e o eléctrico contorna os seus carris.
Já o petiz dorme feliz, esquece as tristezas e sonha com prendas coloridas.
Tapado com o cobertor, velho e remendado, desbotado, fintas que a cor dá à roupa que a gente veste.
Espero por um olhar da cidade que me deixa pensar, ela partiu, e recolhe-se no seu abrigo.
Longe do meu olhar. Saio apressado, tenho a roupa do avesso, e mereço o que devo merecer.
Mas não chego onde quero chegar. Amanhã mais um dia que esvazio ao tempo.
Bom Norte
- Obter link
- X
- Outras aplicações
Etiquetas:
POESIA
Comentários