O sopro
As músicas e os poemas nascem de uma grande dor ou dum estado de felicidade
As pinturas são frutos de inspiração, são belas as realidades.
A dor que se sente por um céu que caí e não nos traz nada
O acaso que faz acontecer as coisas. E por isso nada sucede por acaso.
O pífaro que sopra a dor. A felicidade que nos transmite.
Sons que nos tocam e que libertam os canais que nos seguram as lágrima
Sopro os sons que os meus dedos teima galgar.
São sete os orifícios e dez os mandamentos. A vida recebe os beijos que eu levo comigo.
Luto por ganhar à noite, mas o pífaro toca sozinho, e a sua alegria é transportada em braços obscuros que eu imagino a sorrir.
Não tenho medo do teu som. Humildes são as pessoas que te transportam. Parente pobre de uma orquestra composta por surdos e cegos.
O pastor transporta-o com amor e toca-o para o seu rebanho.
O leite sai coalhado e cheira a frescura da manhã.
Frescura que o tempo cura. Doçura de uma azeda chupada ao nascer da manhã.
Os homens voam nas palavras desenhadas pelos meus dedos, são transportados no asfalto. E batem nos pilares da vida. E o pífaro sopra os venenos que me negam e me marcam na testa.
Profeta de corpo e ama. Sentado e dobrado pelo impacto de um passado. Golpeado fortemente por o golpe desferrado do machado
Instrumento talhado para ser soprado pelos fantasmas que me guardam a alma.
Mundo que eu contemplo. Espera que roda no firmamento. Som soprado pelo rodar que me tenta.
Saio e parto uma vez mais sem desistir. Mas podes dizer que desisto.
Pois desistir é partir. É entregar-me sem tentar acabar escondo-me uma vez mais.
Bom Norte
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