Sinto a força da noite, e o relógio indica que é dia.
Limpo o relógio por dentro e por fora.
A noite tarda, e as flores aguardam por quem as vai colher.
Dificilmente serei eu que as irei levar, fico ofuscado pela luz que me cega, não as consigo distinguir.
Estou cego. Não consigo sentir o apelo da natureza.
Quem é? Sou eu a natureza!
A natureza não é com certeza interrogo-me eu.
Deve ser areia do deserto que o vento empurra espalhando pó pelo ar.
Pó que me faz tossir, cria secura que me deixa azul, sufoco que não quero sentir.
Atchim. Santinho. Alergia que o dia me provoca.
Santinho? Diz o rufia ao menino que o arrelia.
Beleza do dia faz com que esqueça a idade, ironia.
Flor de tília que me seduz. Quero-a colher.
Posso? Obrigado rainha natureza pela sua gentileza.
Guardo-a escondida por baixo de um monte de pedras.
Talvez um dia vá saborear a sua infusão, o seu gosto adocicado, diluído em água fervida.
Sara as feridas?
Sinto o amor fervido, venço o cheiro da flor de alecrim.
Perfume de um mau hálito, ocre e doce,
Levo a flor de cameleira, e a rosa brava regada com água da chuva.
Freira devota que deixa a noviça nervosa.
Mel que a colher turba. Fé que me ilumina e me chama.
Somente o Sol me transforma. Convence o baixo anão, torna-o mais alto, afastando dele os seus fantasmas. Vou elevar o seu olhar. Gritar terra a vista!
Mesmo que a terra seja uma mragem
E o navio pirata aninhe-se ao meu lado e segrede-me uma abordagem.
Vadiagem que a água afasta cada vez mais da terra.
Convido a terra para um passeio de balão,
beleza oculta dela própria, Sombra errante que aborta a beleza do seu flutuar.
Terra que abre a boca à sorte
Que lindo é o meu mar azul, levo-a do Norte até ao Sul.
E torno-a vizinha da Lua.
Bom Norte
Comentários
Saborear as infusões da vida,que nem sempre são adocicadas..."""SIM"""
Bom dia...mundo.