Como é possível perder-me no meio da multidão!
Sim. Uma multidão que corre apresada, parecendo por vezes um comboio a tentar se deslocar por entre carris invisíveis. Pouca-terra, pouca-terra, reclama ele ao mar.
Sinto que sou absorvido, expulso e reabsorvido pela multidão que me fez lembrar um louco ensaiador que comanda a companhia contrariado, alheio á vontade dos actores.
Por vezes dou por mim a olhar perplexo para o adolescente sentado à minha frente que oscila freneticamente a sua cabeça oca ao som estridente de uns auscultadores de qualidade duvidosa. Chegando eu até a comparar o rapaz a um cão de enfeitar que abanava a cabeça acompanhando os movimentos que a trajectória oferecia ao veiculo.
A isto poderia chamar de condução assistida.
Somente me resta a saudade de não ter os meus auscultadores, assim poderíamos oferecer um belo e único espectáculo de ginástica sincronizada. Em cima, em baixo, para a esquerda, para a direita.
Tento a todo o custo manipular a minha máquina que tenta teimosamente fazer a correcção automática deste meu texto. Depois de varias tentativas que resultaram em insucesso. Penso que chegou a hora de me render à máquina. Seja feita à vossa vontade. Retiro a pastilha que masco, e colo-a no ecrã do PDA. Ao mesmo tempo faço uma careta e coloco a língua de fora.
Bom Norte
Comentários
E essa"careta"será a si próprio ou a quem o lê???